segunda-feira, 30 de julho de 2007

Erro do piloto desencadeou tragédia, informa Veja

A leitura das caixas pretas do Airbus A320 da TAM indica que uma falha do piloto desencadeou o maior acidente da história da aviação brasileira –199 mortos. É o que revelam os repórteres Marcio Aith, Fábio Portela e Julia Duailibi (revista Veja, para assinantes). O defeito no reverso da turbina direita do avião teve influência indireta na tragédia.

A encrenca começou a ser desenhada dentro da cabine da aeronave, no momento do pouso. O piloto tocou a pista de Congonhas no ponto certo e na velocidade adequada. Porém, uma das alavancas que regulam o funcionamento das turbinas –chamadas de manetes— estava na posição errada.

O erro fez com que as turbinas funcionassem em sentidos opostos. A esquerda contribuía para a frenagem. A direita acelerava. Por isso o Airbus não parou, chocando-se contra o prédio da própria TAM, do outro lado da avenida que margeia o aeroporto de Congonhas.

Os reversos são equipamentos auxiliares do sistema de frenagem. O avião poderia ter pousado com o reverso defeituoso. Desde que o piloto tivesse posicionado a manete da turbina correspondente na posição “ponto morto”. Deu-se, porém, coisa diversa. A manete foi operada como se o reverso estivesse em perfeitas condições. Por isso a turbina direita empurrou o avião para a frente em vez de contribuir para a frenagem.

O erro, informam os repórteres, não é inédito. Ocorrera em 1998, nas Filipinas. Repetira-se em 2004, em Taiwan. Sempre com o Airbus 320. Sempre com aeronaves que operavam com um reverso travado. Sempre em função do posicionamento incorreto das manetes. A diferença é que só no caso brasileiro houve um sacrifício massivo de vidas.

Por que? A resposta está diretamente relacionada à pista de Congonhas, excessivamente curta e sem áreas de escape. No acidente filipino, registraram-se três mortes. Em Taiwan, sobreviveram todos. No infortúnio brasileiro, morreram os 187 passageiros e mais 12 pessoas em solo.

Estima-se que a investigação completa do acidente com o Airbus da Tam só será concluída em dez meses. As conclusões expostas acima se baseiam nas primeiras análises feitas a partir da leitura dos dados das Caixas Pretas. De acordo com essa leitura preliminar, embora chovesse sobre Congonhas na hora do acidente, não houve aquaplanagem do avião nem falha no sistema de freios dos pneus. Em nota, a Aeronáutica considera "prematuras", as conclusões tiradas antes do término das investigações.

A despeito da ressalva, normal nesse tipo de investigação, os repórteres apuraram também que quem pilotava o Airbus no momento da aterrissagem era o comandante Kleyber Lima, considerado mais experiente do que Henrique Stephanini, que atuava como co-piloto no vôo da tragédia. Ficam no ar algumas perguntas:

1) O que teria ocorrido se o reverso da turbina direita estivesse em ordem? 2) Por que diabos ainda não foi providenciada uma área de escape para a pista de Congonhas, tachada de curta e perigosa por 11 em cada dez pilotos? 3) Por que razão o fabricante do Airbus ainda não aperfeiçoou uma traquitana que já havia ocasionado dois acidentes anteriormente?

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