domingo, 22 de fevereiro de 2009

Europa pede US$ 500 bilhões para que FMI impeça nova crise








Os líderes europeus do G20 (que reúne os países mais ricos e os principais emergentes) concluíram neste domingo que o FMI (Fundo Monetário Internacional) deve contar com pelo menos US$ 500 bilhões para impedir futuras crises financeiras, afirmou o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown.

"Decidimos que as instituições internacionais devem ter US$ 500 bilhões para permitir a elas não apenas enfrentar as crises, como também impedi-las", disse Brown, ao ser consultado sobre a crise bancária na Europa Central e do Leste, onde várias moedas se desvalorizaram fortemente e há o temor de uma onda de moratórias.

"Precisamos de uma ação internacional para ajudar os bancos da Europa Central e do Leste", onde vários bancos da Europa Ocidental estão fortemente expostos, acrescentou Brown, ressaltando que esse problema poderia ser resolvido por um FMI fortalecido.

Na declaração final da reunião com ministros e chefes de Estado ou governo de Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Espanha e a República Tcheca, que se preparam para a cúpula do G20 programada para abril, os líderes europeus pediram especificamente a duplicação dos recursos do Fundo "para permitir a ajuda a seus membros de maneira rápida e flexível quando passarem por dificuldades em seu balanço de pagamentos".

O FMI advertiu em várias oportunidades que sua capacidade de ajudar membros em dificuldades poderá se esgotar caso a atual crise econômica se mantenha. O Japão já anunciou que emprestaria ao FMI até US$ 100 bilhões.

Recuperar a confiança

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse hoje, por sua vez, que as propostas elaboradas em Berlim pelos principais países da União Europeia (UE) têm como fim "recuperar a confiança dos mercados" e a criação de "uma nova ordem financeira internacional". Ela disse ainda que os países da UE chegarão ao encontro de abril com uma postura "sólida e conjunta".

"Londres deve ser um sucesso", disse Merkel. Segundo ela, as propostas da UE ajudarão na solução da crise financeira e econômica mundial. os representantes europeus do G20 ainda concordaram em regular e vigiar todos os produtos, atores e mercados financeiros --nenhum mercado financeiro, nenhum produto financeiro, nenhum ator dos mercados pode atuar sem regulação ou vigilância, disseram fontes do governo alemão ouvidas pela agência de notícias France Presse.

A exigência de uma regulação direta dos "hedge funds" já não é questionada por nenhum dos participantes. Os "hedge funds", altamente especulativos e pouco regulados, são considerados uma das principais causas de instabilidade dos mercados financeiros. Até agora, os britânicos pareciam reticentes em regulá-los.

A crise econômica que teve início em 2007, com o colapso do mercado de hipotecas "subprime" (de maior risco) nos EUA, já jogou diversas economias em recessão, além da americana. No último dia 13, a Eurostat, a agência europeia de estatísticas, informou que a economia da zona do euro caiu 1,5% no quarto trimestre, acentuando a recessão em que o grupo de países que utiliza a moeda comum europeia já se encontra. A UE como um todo também entrou em recessão, após a queda de 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto) também no trimestre passado.

Crise e recessão

A queda na economia da zona do euro foi a maior desde que a região foi criada, em 1999, e ficou perto do que esperavam os analistas. Na comparação com o quarto trimestre de 2007, a economia da zona do euro teve queda de 1,2%. Para a UE como um todo, a contração no quarto trimestre do ano passado, quando comparado ao mesmo período de 2007, foi de 1,1%.

A zona do euro já havia registrado contrações de 0,2% no segundo e no terceiro trimestres de 2008. O dado de hoje veio apenas confirmar que a região vem sofrendo um impacto acentuado da crise econômica.

Algumas das principais economias europeias também já se encontram em recessão. Na Alemanha, a queda foi de 2,1% no trimestre passado; na Holanda, a queda foi de 0,9% no trimestre passado; e na Itália a queda foi de 1,8% no quarto trimestre de 2008. Todos esses países já haviam registrado contração econômica no terceiro trimestre.

O Banco da Inglaterra (BC britânico), por sua vez, já informou que o Reino Unido está em uma "profunda recessão" e não deve voltar a apresentar crescimento econômico até o fim deste ano.

Para a cúpula do G20, o diretor-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, disse em entrevista ao jornal "Les Echos" na semana passada que espera decisões "sobre a regulamentação financeira e a saída da crise", assim como "uma modificação dos instrumentos e do funcionamento da governabilidade mundial".

Strauss-Kahn ainda avaliou que o G20 vai se tornar, provavelmente, em uma "espécie de órgão de governabilidade mundial", mas que será preciso ampliá-lo aos países africanos e ao Oriente Médio, já que em "termos de legitimidade, ter apenas os 20 maiores PIB mundiais já não é suficiente".

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