sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Cristiano Ronaldo e Eto'o lideram a lista dos salários mais altos do planeta

Liga da Inglaterra continua sendo a que paga melhor seus jogadores na média, mas Espanha tem quatro dos cinco maiores vencimentos

Para alívio dos clubes brasileiros, a temida janela de transferências do mercado de verão europeu encerrou no início do mês. Em tempos de crise, o dinheiro não é tão abundante como antes, mas nem por isso as cifras deixam de causar impacto. Multas rescisórias e salários do mundo todo ainda impressionam e mostram que o futebol brasileiro continuará sofrendo para manter suas estrelas.

O GLOBOESPORTE.COM conversou com jornalistas, técnicos brasileiros e empresários que trabalham nas principais ligas do mundo. Informações sobre os salários dos jogadores mostram as diferenças e explicam, em alguns casos, por que tais cifras assustam tanto.

Agência/Reuters

Cristiano Ronaldo (9 do Real) é o maior salário do mundo ao lado de Samuel Eto´o, do Inter de Milão

Clubes, jogadores e técnicos tratam o tema com sigilo, para evitar que a vida pessoal de cada um possa ser prejudicada ou invadida. Por isso, os salários pesquisados são números extraoficiais, baseados nas apurações de alguns dos principais jornais do mundo e nos depoimentos das fontes consultadas. Vale ressaltar que não foram incluídos nos vencimentos os valores recebidos por contratos publicitários ou prêmios.

Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, e Samuel Eto'o, do Internazionale de Milão, são os jogadores mais bem pagos do planeta, cada um com R$ 29,4 milhões por ano. O brasileiro melhor colocado é Kaká, também do Real, com R$ 24,1 milhões. Ele é o quarto da lista, atrás de Ibrahimovic, do Barcelona, terceiro com R$ 25,4 milhões.

O mercado espanhol ganhou novo impulso nesta temporada e passou a ter quatro dos cinco mais bem pagos do mundo (Cristiano Ronaldo, Kaká, Ibrahimovic e Messi, que recebe R$ 22,7 milhões). Mas a Liga Inglesa ainda continua a ter o título de maior média salarial entre todos campeonatos do mundo. Robinho e John Terry, que renovou nesta segunda-feira com o Chelsea, são os maiores salários do país, com R$ 21,9 milhões. Grande parte desse poderio econômico vem dos altos valores recebidos com as vendas das transmissões das partidas e a política descontrolada de investimentos.

- Na Inglaterra, os clubes investem quase tudo que recebem no pagamento dos salários. Estão quase todos cheios de dívidas. Na Itália é diferente agora. Os clubes estavam em situação financeira difícil e decidiram cortas os gastos. Eles estão se organizando para atender às exigências orçamentárias exigidas pela Uefa, que espera equilibrar as finanças dos clubes europeus - explicou a jornalista Tiziana Cairati, do site italiano Calciomercato.

Na França, o poder econômico é bem inferior. A liga nacional costuma encontrar dificuldades para atrair jogadores de primeira linha. Os clubes investem em promessas ou em jogadores no fim da carreira.

- É assim na maioria das vezes. Os impostos são altos demais e ficam com quase 50% do salário dos atletas. É difícil convencer o jogador. O que os clubes fazem é tirar jogadores de centro menos fortes, como Portugal e até mesmo o Brasil. No caso de países sul-americanos, por exemplo, fica mais fácil por causa da força do euro - ressaltou Eric Frozio, repórter do jornal francês "L´Équipe".

Fora da Europa, o maior salário é de David Beckham, US$ 5,5 milhões, cerca de R$ 10,5 milhões, apesar de o jogador estar nos Estados Unidos, país conhecido por ser o último passo de muitos jogadores antes da aposentadoria.

Os cinco maiores salários do mundo por temporada
Cristiano Ronaldo (Real Madrid) R$ 29,4 milhões
Samuel Eto´o (Internazionale de Milão) R$ 29,4 milhões
Ibrahimovic (Barcelona) R$ 25,4 milhões
Kaká (Real Madrid) R$ 24,1 milhões
Messi (Barcelona) R$ 22,7 milhões

A situação no Brasil melhorou bastante nos últimos meses, muito por causa do retorno de jogadores como Ronaldo e Vagner Love. O país lidera o ranking da América do Sul com sobras em relação à Argentina, segunda colocada. O volante Ahumada, que renovou recentemente com o River Plate e se tornou o maior salário do país, não ficaria entre os dez primeiros no Brasil. Ele recebe um US$ 1,1 milhão por ano, 100 mil dólares a mais do que Riquelme.

Segundo a Revista Placar, Ronaldo, do Corinthians, é o primeiro colocado no Brasil com R$ 1,1 milhão por mês. Ele é seguido de longe por Adriano, do Flamengo, que recebe R$ 362 mil. Um empresário que pediu para não se identificar afirma, no entanto, que isso é privilégio de poucos.


- É claro que no Brasil temos muitos jogadores recebendo bons salários. Os clubes com mais estrutura, como Palmeiras, São Paulo, Internacional, Cruzeiro e Corinthians, para citar alguns, podem pagar esses valores. Muitos com ajuda de parceiros e empresários, é verdade. Mas são exceções. A maioria dos clubes da Série A e os de outras divisões não podem - afirmou.

Sobrando na América do Sul, o Brasil continua sofrendo nas mãos de mercados medianos, como Portugal, mundo árabe e Japão. Muitas vezes, os clubes não conseguem impedir a saída dos jogadores nem mesmo para países como Coréia do Sul ou do Leste Europeu.

Os valores pagos em alguns países árabes chamam a atenção e deixam o Brasil para trás. Um jogador de primeira linha no Qatar recebe de 2 a 3 milhões de dólares por temporada (entre R$ 3,7 milhões e R$ 5,6 milhões), com um contrato de apenas 10 meses. Esse valor é pago para os estrangeiros. Os jogadores locais geralmente recebem menos. Um time menor paga no máximo 250 mil dólares (R$ 468 mil) por 10 meses.


É preciso levar em consideração cada caso, cada mercado. A Arábia Saudita paga mais do que o Qatar, que paga mais do que o Kuwait. Os Emirados Árabes costumam pagar bem, mas só começaram a abrir o cofre nos últimos anos para jogadores de primeira linha, vindos da Europa, como o Rafael Sóbis, por exemplo, que foi contratado para receber US$ 3 milhões por ano, o teto no Qatar.

No caso do Oriente Médio, existem jogadores que conseguem um "agrado" quando se naturalizam e jogam pelas seleções nacionais. Esse foi o caso do atacante Emerson, que deixou o Flamengo recentemene para jogar pelo Al-Ain, dos Emirados. Ele era chamado de rei no Qatar antes de voltar ao Brasil. Além de receber do clube, era pago também pela federação. Por isso seu salário era maior do que o teto salarial.

Outro mercado tido como interessante é o japonês. Uma das tentações para jogadores brasileiros, por exemplo, são os altos prêmios com vitórias. Cada clube paga, em média, cinco mil dólares (R$ 9,3 mil) a cada três pontos conquistados. Um jogador de nível mediano no Brasil, que tenha se destacado na Série B, recebe propostas para ganhar de 250 mil a 400 mil dólares por ano (R$ 468,5 mil a R$ 750 mil). Jogadores contratados para ser estrelas podem receber até um milhão e meio de dólares por temporada (R$ 2,8 milhões).

- Mesmo com a crise econômica, os clubes europeus têm mais dinheiro do que os brasileiros. Os contratos publicitários são melhores, os direitos de transmissão também. E a moeda, no nosso caso o euro, é mais forte. Fica difícil competir. A quantia que gira ao redor do futebol europeu é maior - analisou Danielli Rindone, repórter do jornal italiano "Corriere dello Sport".

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