quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Cinco capas inesquecíveis da Playboy

A mítica Playboy de Maitê Proença.Maitê Proença - Fevereiro de 1987 - Hoje em dia é muito mais fácil para um jovem cercado de espinhas e dúvidas existenciais por todos os lados satisfazer suas curiosidades peladísticas. Basta fazer algumas rápidas pesquisas no Google e, voilá, terá acesso a milhares de fotos e vídeos de mulheres nuas, peladas, au naturel, sem roupa e do jeito que vieram ao mundo. Mas, na época em que a mítica Playboy com Maitê Proença na capa chegou às bancas, eu era apenas um moleque de 13 anos, bobo como todos os homens são nessa idade (na verdade, continuamos bobos; apenas adquirimos um pouco mais de know how ao longo dos anos).

Se ainda hoje sofro com minha irreversível timidez, imagine a minha situação naquele longínquo verão de 1987, louco para conferir com meus olhos e mãos a nudez daquela atriz por quem me apaixonara irremediavelmente ao assisti-la protagonizando Dona Beija, novela da finada Rede Manchete na qual Maitê exibiu generosamente seu corpo em cenas como a vez em que sua personagem cavalgou nua, tal qual Lady Godiva, pelas ruas de Araxá. Porém, não há nada que um adolescente impetuoso não consiga. Após alguns ensaios frustrados de adquirir meu exemplar, fracassadas por arroubos de covardia ou vergonha (principalmente ao me deparar com bancas de jornais cujos atendentes eram do sexo feminino), finalmente consegui adquirir meu tão desejado exemplar da Playboy. Maitê Proença foi a primeira mulher que eu possuí; difícil, ansiosamente desejada, mas enfim conquistada após muitas perambulações e cortejos, que essa geração atual que tem tudo ao seu alcance com alguns cliques de mouse jamais saberá valorizar. Na mesma noite em que finalmente tive Maitê em minhas mãos, prestei-lhe merecidíssimos tributos. Foi a mais ardente de todas as minhas paixões platônicas.

* * *

A bela e sumida Ana Lara Resende.Ana Lara Resende - Maio de 1994 - Na época do ensaio, ela tinha 21 anos. Mineira, como boa parte das mulheres mais belas e sedutoras que já conheci. Morena, de beleza cinematograficamente clássica: o tipo de mulher que faz com que você queira namorar, apresentar aos seus amigos um por um (só para atiçar as invejas alheias) e passear na rua de mãos dadas balançando. Um ensaio inesquecível de alguém que parecia ter desaparecido do mundo, deixando meus sonhos nostálgicos desamparados: não apareceu em programas de variedades, não apresentou programa infantil, não estrelou nenhuma novela.

Porém, fuçando a Internet, encontrei este link da Elite Model: a foto em que Ana, aparece de sutiã, calcinha e cinta-liga, só me fez reforçar a convicção de que ela merece aparecer com honras ao mérito nesta lista de cinco capas inesquecíveis da Playboy. Curiosidade: ela é prima de Otto Lara Resende. Se Ana escrever textos com metade do talento de seu parente, ela definitivamente ingressa no panteão de mulheres que, uma vez ao lado da gente, são capazes de fazer a gente se esquecer do resto do mundo.

* * *

O tempo passa, o tempo voa.Simony - Dezembro de 1994 - Foi um choque. Quando eu soube que aquela menininha que cantava na Turma do Balão Mágico e apresentava, ao lado de Fofão, Jairzinho, Mike, Toby e Luciana (prima da Simony), o programa infantil que marcou minha infância, senti na alma a passagem severa do tempo. O dia em que vi aquele ensaio foi também o dia em que surgiu o primeiro fio de cabelo branco em minha cabeça. Sim, foi uma capa inesquecível para mim; não pelo fator estético, e sim pelo abalo de ver estampado na Playboy um ícone da época em que eu desconhecia o ceticismo, a malícia, o cinismo. E o fato de Simony, anos após este ensaio, ter se tornado habitué de revistas de fofocas e programas como "Superpop", é para mim uma espécie de símbolo de alguma coisa que não vicejou, não alcançou sua plenitude, estancou ao longo do tempo.

* * *

Uma vez Anita, sempre lolita.Mel Lisboa - Agosto de 2004 - Afirmam os versos de um canto andaluz: "Doce é a cana/ Mais doce é a tua voz/ Que me tira a amargura do coração". Versos mais do que apropriados para celebrar a nudez de uma mulher chamada Mel. E cujo ensaio cita a "Crônica do Amor Louco" de Charles Bukowski. E que traz ainda uma foto de seu rosto angelical de óculos. Atiçando, assim, este incauto que é fascinado por mulheres charmosas e inteligentes, cujas feições do rosto tornam-se mais misteriosas quando são parcialmente ocultas pela armação de um óculos.

É claro que não se pode ignorar sua marcante e despojada interpretação como a ninfeta da minissérie "Presença de Anita". É um absurdo, pois, encontrar esta afirmação: "Não tenho talento pra ser gostosa". Basta rever seu ensaio para a Playboy ou ver fotos como esta para constatar que tal declaração só pode ter sido feita durante um arroubo injustificado de modéstia.

* * *

Ah, Vendramini...Luciana Vendramini - Dezembro de 2003 - Na primeira vez em que posou nua, a musa de toda uma geração tinha apenas 16 anos de idade e precisou da autorização dos pais para fazer o ensaio. Não fazia nem um ano que havia saído pela primeira vez da cidade natal (Jaú, interior de São Paulo) a convite de Xuxa, que a conheceu em um desfile, simpatizou com aquela garota e a chamou para trabalhar em seu programa como assistente de palco. Mal chegou à TV, Luciana Vendramini foi descoberta pelos olheiros da Playboy, que não perderam tempo e a convidaram para estrelar o mítico ensaio que marcou a puberdade de minha geração: surgia ali a ninfeta-mor dos anos 80. Detalhe: a revista aguardou quase um ano para publicar as fotos, procurando driblar eventuais complicações com o Juizado de Menores.

Após o sucesso da revista, Luciana Vendramini estrelou dezenas de comerciais (dentre os quais destaco um para os jeans Wrangler no qual ela interpretava uma freira rebelde que fugia do convento ao som de "Can't Take My Eyes Off of You"), casou-se com o ex-vocalista do RPM Paulo Ricardo (com quem ficou por 9 anos) e fez pequenos papéis em novelas globais e filmes como O Casamento dos Trapalhões. Porém, a contrapartida da fama lhe foi severa: Luciana sofreu por dois anos de TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), distúrbio que a levava a cometer ações aparentemente sem sentido, como deixar de abrir a porta de sua casa por um ano, lavar as mãos dezenas de vezes por dia ou ficar sentada em uma calçada por cerca de 26 horas. Durante esse período Luciana desapareceu da mídia, chegando a ficar quase três anos sem ver TV, ler jornais ou ouvir rádio.

Recuperada, Luciana Vendramini voltou a atuar em peças de teatro. E, após insistentes convites anos a fio, finalmente aceitou posar nua novamente. Uma rápida comparação entre as fotos das duas edições não me deixou réstia de dúvidas: a ex-ninfeta ficou muito mais bonita, sensual e apaixonante do que há 16 anos. Não que ela possua um corpo perfeito, como certas modelos de barriga definida e peitos siliconados. Olhos severamente críticos notarão que seus seios não exibiam a mesma firmeza dos tempos de ninfeta, além de algumas adiposidades em sua cintura. Porém, para mim são detalhes que tornaram Luciana ainda mais irresistível: uma passada d'olhos em suas fotos mais recentes prova que estamos diante de uma mulher de verdade, ao contrário das Barbies anoréxicas que se apresentam nas fashion weeks da vida.

* * * * *

P.S. 1: Este post foi redigido graças a Doda Vilhena, que iniciou uma nova corrente bloguística convocando alguns de seus colegas a tergiversarem sobre os ensaios de mulheres despidas, nuas e sem roupa nenhuma que mais marcaram nossas lembranças (e mãos).

P.S. 2: Rafael Galvão ficou tão empolgado com a idéia de recordar suas capas inesquecíveis da Playboy que sofreu de ejaculação precoce e publicou um excelente post (homenageando Vanusa Spindler) antes da publicação do meu texto.

Repasso a corrente, pois, a outros sete blogueiros que, tenho certeza, farão este assunto render bastante em suas mãos: Carlos Cardoso, do Blog do Cardoso, Rodrigo Fernandes, do Jacaré Banguela, Marco Aurélio dos Santos, do Jesus Me Chicoteia, Marcelo Träsel, do Martelada, Kupeludo Jones, do Chongas, Gilberto "Uêba" Knuttz, do Cybervida e Luiz Jerônimo, do Tarja Preta.

Nenhum comentário: