sexta-feira, 7 de março de 2008

Brasileiros retidos em Madri não preenchiam requisitos, diz embaixador

O embaixador da Espanha no Brasil, Ricardo Peidró, disse hoje (6) ao Ministério das Relações Exteriores que os brasileiros recentemente retidos no aeroporto de Barajas, em Madri, não preenchiam os requisitos da União Européia para entrar em nações do bloco.
Peidró foi convocado pelo Ministério das Relações Exteriores para discutir a situação de cidadãos brasileiros proibidos de entrar na Espanha, que, segundo uma nota oficial divulgada hoje, "causou profundo desagrado" ao ministro Celso Amorim.
O embaixador afirmou à Efe que o "espírito" da reunião que manteve hoje com o vice-chanceler, Samuel Pinheiro, foi "enormemente amistoso, como corresponde ao nível das atuais relações" entre Brasil e Espanha.
"Coincidimos que é preciso evitar que estes temas perturbem a densidade e a fluência das relações em todos os âmbitos", entre os quais citou os políticos, comerciais e culturais, entre outros.
O diplomata destacou que em três recentes casos de estudantes que foram impedidos de entrar na Espanha a única coincidência é que "não cumpriam os requisitos pedidos não pela Espanha, mas pela União Européia" para a entrada de cidadãos extracomunitários.
As condições, disse Peidró, "são bem conhecidas e basicamente se trata de a pessoa que entrar no país possa registrar seus meios de subsistência, o tempo e objetivo de sua estadia".
"O país de entrada (do bloco) deve fazer respeitar as normativas" e está é uma "primeira porta" na qual se exerce um "crivo aleatório, não sistemático, porque senão os aeroportos entrariam em colapso".
A mãe de Pedro Luiz Lima --um dos brasileiros detidos em Madri-- a professora de química da UFF Rosaly Silveira da Silva, 51, contestou o embaixador e disse que seu filho tinha como comprovar todos o requisitos citados.
"Eles dizem que faltam documentos, mas não informam quais. O Pedro está com a carta de convite para participar do congresso, com estadia garantida e passaporte recente. E ele tem dinheiro porque, além de ter comprado euros com R$ 1.000, ainda levou um cartão de crédito internacional e um cartão do banco que permite que ele faça saques na moeda local."
Média
Peidró destacou que viajam à Espanha ao ano cerca de 250 mil brasileiros e que a média de pessoas rejeitadas se situa em torno de uma em cada cem. "Quando há uma negação de entrada, se traduz em uma saída", indicou.
No caso do Brasil, afirmou, as rejeições são muitas por sua própria "dimensão demográfica", e porque para os brasileiros a Espanha é o segundo destino turístico e também o segundo destino para estudos de pós-graduação, depois dos Estados Unidos.
Após a reunião com o vice-chanceler brasileiro, o embaixador disse que tentará reforçar a divulgação já existente dos requisitos necessários para entrar no país europeu, com o objetivo de "minimizar estes incidentes, que são lamentáveis, mas não constantes", apontou.
O comunicado divulgado hoje pelo Ministério das Relações Exteriores indica que Amorim tinha manifestado "há poucas semanas" ao ministro de Exteriores espanhol, Miguel Ángel Moratinos, a "insatisfação" do Governo federal com a "repetição de tais medidas restritivas".
A nota acrescenta que o Brasil "está examinando a adoção de medidas apropriadas em resposta ao ocorrido, levando em conta, inclusive, o princípio de reciprocidade".
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