quarta-feira, 26 de março de 2008

A chamada brasileira da BT,A gigante inglesa de telecom entrou no País após comprar a Comsat. Agora, mira mercado de R$ 9,3 bilhões

A chamada brasileira da BT,A gigante inglesa de telecom entrou no País após comprar a Comsat. Agora, mira mercado de R$ 9,3 bilhões

LANA PINHEIRO

HÁ CERCA DE UM ANO, O BT Group, antiga British Telecom, que até então tinha apenas um escritório no Brasil e servia, aqui, a poucos clientes no segmento corporativo, percebeu que as oportunidades de negócios na América Latina estavam sendo desperdiçadas. O mercado de comunicação de dados entre empresas chegava à casa de R$ 9,3 bilhões só no Brasil e a companhia não tinha meios de enfrentar a concorrência com uma estrutura tão precária. Foi, então, que a idéia de uma aquisição se mostrou adequada. A oportunidade perfeita surgiu sob o nome de Comsat International. A provedora americana de serviços e soluções de rede com ativos de US$ 145 milhões tinha forte presença na América Latina, uma carteira com dois mil clientes, infra-estrutura própria e 64 pontos de presença em 28 cidades brasileiras. Era o que o BT procurava. “Queríamos entrar no mercado com uma estrutura pronta que nos permitisse atender a grandes companhias e ao governo com soluções integradas de telecomunicações e TI”, disse à DINHEIRO Luis Álvarez, presidente da BT para Europa (menos Inglaterra), Oriente Médio, África e América Latina. Em abril o negócio foi fechado.

A aquisição, avaliada em US$ 200 milhões pelos analistas, será concluída nas próximas semanas com a nomeação do responsável pelas atividades do grupo na região. “Foi um casamento perfeito”, afirma o analista sênior do IDC Brasil, Alex Zago. “A Comsat tinha a estrutura de rede física que faltava à BT, enquanto a BT tinha a tecnologia que faltava à Comsat.” A expectativa é que, consolidada a união, a companhia dê um novo fôlego a um mercado cada mais concentrado. O estudo Brazil Business Network Services aponta que de 2001 até hoje o número de provedores de serviços de comunicação de dados corporativos diminuiu 39%. Embratel, Brasil Telecom, Oi e Telefônica seguem líderes absolutos do mercado, concentrando cerca de 90% das receitas do setor. Álvarez, no entanto, não demonstra preocupação. “Vamos atuar em um nicho específico de mercado, oferecendo soluções integradas e a melhor estrutura disponível na região”, afirmou, ao comentar a intenção de crescer acima do mercado. Sem divulgar meta, Álvarez diz somente que a evolução será acima de dois dígitos. “É um mercado disputado, sim”, avaliou o consultor e presidente do Teleco, Eduardo Tude. “Só que eles vêm com recursos para incomodar os grandes.”

Nas próximas semanas, o presidente da companhia virá ao Brasil para anunciar um “grande investimento em inclusão digital”, segundo suas palavras. A companhia já é a parceira do Ministério das Comunicações no Gesac, programa de inclusão digital do governo brasileiro, e recentemente assinou um contrato de US$ 33 milhões para desenvolver um programa de inclusão também na Colômbia. A mesma Comsat prometeu ao ministro das Comunicações, Hélio Costa, um receptor para TV digital por R$ 250, o mais barato do mercado. Apesar da aproximação com o governo, para analistas o grande foco do BT Group no Brasil será mesmo as grandes corporações. “É ali que está concentrada a grande receita desse setor. Mas, como todos querem este filé, a companhia terá que vencer uma disputa dura com as grandes que estão no mercado”, diz Tude. Álvarez garante que está pronto para brigar.

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