quarta-feira, 26 de março de 2008

Pedófilos da internet praticam 'pescaria cruel' com vítimas, diz especialista

Para psicanalista canadense, criminosos 'oferecem isca para fisgar crianças vulneráveis'.Segundo ele, pedófilos se aproximam dizendo 'entender os sentimentos' de suas vítimas.

Pedófilos praticam uma “pescaria cruel” na internet com suas vítimas: eles oferecem uma isca – normalmente uma simulação de carinho e atenção – para fisgar crianças e adolescentes em grande parte originários de famílias que não lhes dão afeto. Essa é a opinião de Gilles Ouimet, psicanalista da polícia de Quebec, no Canadá.

Ouimet está em São Paulo nesta quarta-feira (26) para participar do seminário “Perfil Psicológico do Pedófilo”, onde fala sobre a pedofilia on-line, a psicopatologia e os desvios de personalidade. Na platéia estão membros do Ministério Público Federal, juízes, advogados, policiais e autoridades do poder executivo que lidam com o combate ao abuso infantil e aos crimes cibernéticos.

Educação

Segundo o especialista, o maior perigo da pedofilia na web está em sites que promovem o contato com crianças e adolescentes, tais como as redes sociais on-line. Para ele, é preciso cuidado sobre o modo como as crianças se apresentam nesse tipo de endereço. “Algumas meninas, por exemplo, colocam na internet fotos de si mesmas com conotações sexuais. É por isso que a educação sobre como usar a web é tão importante”, afirma.

Para Ouimet, uma vez que o pedófilo entra em contato com sua vítima, normalmente ele vai direto ao assunto, perguntando sobre sua sexualidade, seus gostos e desejos; na seqüência, ele poderá propor um encontro. No entanto, alguns pedófilos são mais cuidadosos e conversam com sua vítima por mais tempo, antes de marcar um encontro. O objetivo é criar uma relação de confiança, dizendo que eles “entendem” a vítima e querem mostrar sua “afeição” por ela. Algumas crianças e adolescentes – especialmente aqueles vindos de famílias desestruturadas ou que não recebem carinho e atenção dos pais – podem então se transformar em vítimas dos predadores sexuais.

Problema internacional
De acordo com o especialista, o maior problema ao combate à pedofilia na internet é que o abuso sexual pode ser feito em um país, e a posse e distribuição do material pornográfico em outro. Assim, é preciso uma coordenação internacional contra o problema. Esse papel normalmente é cumprido pela Interpol, que possui softwares que permitem identificar qual é a fonte de onde se origina esse material. Isso ajuda a uma captura mais rápida dos criminosos.

O seminário foi organizado pela procuradora da República Adriana Scordamaglia, procuradora criminal que integra o Grupo de Combate a Crimes Cibernéticos do Ministério Público Federal, e pela Microsoft. Em comunicado, ela disse que o evento permitirá que "membros do Ministério aprendam a entender a mente desse tipo de criminoso, uma vez que este tipo de criminalidade vem crescendo assustadoramente".

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