terça-feira, 29 de abril de 2008

Sinuca de Bico - Por: Valdemir Caldas

Triste do político que pensa nutrir a admiração de seus concidadãos com atitudes que se perdem na efemeridade do noticiário da imprensa. Por mais que esses arautos da demagogia procurem marca sua biografia com procedimentos de indiscutível importância histórica, restar-lhes-á uma caminhada árdua rumo ao ostracismo. Agora mesmo, parte da Assembléia Legislativa de Rondônia, mais uma inequívoca manifestação dessa falta de respeito para com a população. Acusado de embolsar parte dos salários de assessores, o deputado denunciado, em vez de contrapor os fatos com argumentos concretos, como manda à lógica, saiu pela tangente, dizendo que tudo não passava de uma campanha sórdida, movida por pessoas inescrupulosas, para prejudicá-lo. A retração do cabo eleitoral, porém, veio em forma de declaração, registrada em cartório. Aparentemente, tudo estava resolvido. Mas aí, um ex-assessor do deputado resolveu ratificar a versão original. O efeito da “Nota de Esclarecimento”, publicada em jornais eletrônicos da capital, pelo gabinete do parlamentar, sabe-se, agora, foi neutralizado pela contundência da segunda denúncia, cujo conteúdo já deve haver chegado às mãos da Corregedoria-Geral da ALE, do Ministério Público Estadual e da cúpula do partido ao qual pertence aquela autoridade. Muita coisa já teria sido apurada pela Corregedoria. O Ministério Público, por sua vez, também já colocou a mão na massa azeda. Logo, será a vez de a Justiça tratar não somente desse imbróglio, mas, também, de outra lambança, envolvendo um membro do PT, com assento naquela Casa. Mesmo assim, ainda é de descrença o sentimento que domina significativa parcela da população, diante das denúncias cabeludas envolvendo membros daquele Poder, sem que, até agora, ninguém tenha sido punido exemplarmente. Seja pelo descrédito em que se encontram algumas instituições, neste país, especialmente no Estado de Rondônia; seja pela trivialidade com que ocorre o desvio de recursos do contribuinte; seja, ainda, pelo forte corporativismo que impera no âmbito de muitas organizações, como a ALE, por exemplo, o fato é que raros são os cidadãos cujo grau de confiança destoa da opinião geral. Pretender mudar o foco do assunto, jogando a responsabilidade em parte da mídia, como insinuara o deputado, por algo do qual não tem culpa, é vedetismo irresponsável. O que deseja a sociedade é que, se houve, realmente, apropriação indébita, como denunciara o cabo eleitoral do parlamentar e, agora, o ex-assessor, é que se proceda à devida apuração e, conseqüentemente, a punição do mentor da patuscada, com o seu alijamento da vida pública.

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