terça-feira, 22 de abril de 2008

Delegados se reúnem antes de apresentar inquérito do caso Isabella à Promotoria

O inquérito sobre a morte da menina Isabella Nardoni será apresentado ao Ministério Público na tarde desta terça-feira. Até o início da tarde, os delegados que investigam o assassinato permaneciam reunidos com o delegado-geral de São Paulo, Maurício Lemos Freire, no prédio da Secretaria da Segurança.
Em seguida, o documento deve ser entregue ao promotor Francisco José Taddei Cembranelli, no fórum de Santana (zona norte). À Folha Online ele disse que, após o documento ser apresentado, será analisado por alguns dias.

O casal Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá e Alexandre Nardoni, madrasta e pai da menina Isabella, morta em SP no último dia 29
Participam da reunião na secretaria, os delegados Calixto Calil Filho e Renata Pontes, do 9º DP --responsáveis pelas investigações--; a delegada Elisabete Sato, titular da Seccional Norte; e o delegado Aldo Galiano Júnior, diretor do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital).
Na sexta-feira (18), Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e a madrasta de Isabella, prestaram depoimento e foram indiciados por homicídio doloso (com intenção) com três agravantes: motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. O casal nega envolvimento no crime.
Com o inquérito relatado, caberá à Promotoria oferecer a denúncia (acusação formal), e à Justiça decidir se abre ou não processo contra o casal. Em qualquer uma das fases do processo judicial, cabe recurso.
Depoimentos
A Polícia Civil também deve ouvir na tarde de hoje Antonio e Cristiane Nardoni, avô paterno e tia da menina. Ambos deveriam ter prestado depoimento no último sábado, mas a defesa pediu o adiamento após o desgaste causado pelo depoimento do pai e da madrasta de Isabella, que permaneceram na delegacia por aproximadamente 17 horas, entre sexta e a madrugada de sábado.
04.abr.08/Folha Imagem
O promotor Francisco José Cembranelli, que acompanha as investigações sobre a morte da menina Isabella
Mesmo após a entrega do inquérito à Promotoria, outros documentos --como depoimentos-- poderão ser anexados.
Também hoje devem ser divulgados laudos sobre o caso, e há expectativa de que a polícia peça a prisão preventiva do casal Alexandre e Anna Carolina.
Irregularidades
Isabella, 5, foi asfixiada e jogada do sexto andar do apartamento do pai e da madrasta, na zona norte de São Paulo, no dia 29 de março. Desde o crime, o pai e a madrasta alegam inocência e dizem que o crime foi cometido por uma terceira pessoa --assaltante ou desafeto--, que invadiu o imóvel e matou a criança.
Ontem (22), a defesa do casal informou que entrará com uma representação na Corregedoria da Polícia Civil contra possíveis irregularidades na condução do inquérito que investiga a morte da criança, conduzido pelo 9º DP (Carandiru).
Um dos advogados do casal, Ricardo Martins, aponta como uma das irregularidades o fato de, durante os depoimentos ocorridos na sexta-feira (18), ter sido feita a menção do laudo sobre a morte da garota. No entanto, diz Martins, o documento, ainda não integrava o inquérito.
"Não poderia, de forma alguma, ser feita a menção de um laudo que a defesa sequer chegou a ter contato, muito menos a autoridade policial, porque não consta no inquérito. E, se não consta, é um laudo inexistente", disse o advogado à Folha Online.
Para o advogado, a Corregedoria deve investigar o fato de um pedreiro que trabalhava em uma obra aos fundos do edifício London relatar que o portão da casa em construção ter sido arrombado na noite do crime, conforme informou a Folha.
"Ele [pedreiro] deu depoimento para um jornalista da Folha dizendo que o local havia sido arrombado, que apesar de não terem levado nada, alguém entrou lá. Foi feita inclusive uma foto da pegada do teto da churrasqueira. Mas quando ele vai à delegacia prestar seu depoimento, ele muda totalmente sua versão. Nada mais viu, nada mais sabe. Isso é no mínimo estranho", disse o advogado.

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