quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

'Achei que Tarso tinha morrido', diz Lula sobre desmaio na Bolívia

Ministro desmaiou na capital boliviana por uma queda abrupta de pressão.
'Acabei dormindo de luz acesa e porta aberta com medo de pirepaque', afirmou Lula.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou impressionado com a cena do desmaio do ministro da Justiça, Tarso Genro, na capital boliviana, La Paz. Disse que ao ver o colega cair na sua frente, achou que ele tinha morrido. E que, temendo também sentir os efeitos negativos da altitude, dormiu de portas abertas e luz acesa.

“Achei que Tarso tinha morrido”, disse o presidente. “Dormi de luz acesa e porta aberta com medo de ter um pirepaque”, revelou em café-da-manhã com jornalistas nesta quinta-feira (20). La Paz fica a 3.600 metros acima do mar, e quem não está adaptado à altitude sofre com a dificuldade de respirar, tontura e enjôo.

O ministro da Justiça teve uma queda súbita de pressão em cerimônia no Palácio do Governo, em La Paz, durante o discurso do presidente boliviano Evo Morales. Ele foi acudido pela presidente do Chile, Michelle Bachelet, e por enfermeiros locais que levaram um balão de oxigênio para respirar.

Durante todo o episódio, Lula permaneceu sentado, atônito. A cerimônia, que marcava o lançamento da rodovia que ligará o Atlântico ao Pacífico, teve de ser encerrada precipitadamente.

Amigo Evo
Lula elogiou a atuação de Evo Morales frente ao governo boliviano e disse que um país “com 80% da população indígena não pode ser governado por alguém que tem olho verde e fala inglês”.

O presidente contou que quando Morales era deputado federal não poderia andar na rua por conta da hostilidade da elite boliviana. E disse ser normal ele fazer uma administração voltada para os indígenas. “Quando ele começar a fazer política social que dá certo, tenho certeza que a classe média ficará com ele”, afirmou.

Petrobras
Segundo Lula, a retomada dos investimentos da Petrobras na Bolívia foi difícil de ser fechada. Ele disse que se dependesse dos técnicos o acordo não teria sido fechado.

Lula lembrou que na manhã da reunião bilateral com Morales na última segunda-feira (17) não havia nada de concreto para ser anunciado na questão da Petrobras. “Até às 10 da manhã não tinha nada. Então eu chamei o Evo e disse que iria ficar muito ruim para as relações da Bolívia e do Brasil e para nós dois não anunciar nada”, afirmou.

Venezuela e Mercosul
Lula também elogiou o colega venezuelano Hugo Chávez. “É muito fácil negociar com o Chávez. Ele tem uma vontade política muito grande com a América do Sul. O problema é que às vezes a gente esbarra na plutocracia dos países”, disse.

O presidente voltou a dizer que os países mais fortes do Mercosul devem ajudar os mais pobres do bloco copiando o modelo adotado por Alemanha e França na criação da União Européia logo após a Segunda Guerra Mundial.

“O Mercosul pode não ser a criança mais bonita, mas é nossa. E não podemos deixar os outros colocar defeito. O Brasil e a Argentina precisam tomar a liderança e ajudar os mais pobres do bloco”, afirmou.

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