segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Jovem alega ter sido molestada sexualmente por policiais militares no Amazonas

Amanda Mota Repórter da Agência Brasil


Manaus - Uma denúncia de crime contra policiais militares feita ao Ministério Público do Amazonas trouxe à tona uma discussão sobre o desrespeito aos direitos do cidadão em Manaus. Uma dona de casa de 22 anos, moradora da zona sul da capital amazonense, alegou ter sido molestada sexualmente por policiais durante uma operação de procura por drogas.

De acordo com a denúncia, no último domingo (9), três policiais do grupamento de elite da Polícia Militar do estado (Rocam) chegaram ao local onde ela participava de uma festa de aniversário. "Eles estavam procurando droga e, nesse momento, começou uma correria na rua. Eu estava na calçada conversando com um amigo e na hora entrei na casa dele”, relembrou a mulher em entrevista à Agência Brasil.

“Os três policiais entraram lá e disseram que, se eu não fizesse tudo o que eles queriam, eu iria para a cadeia. E aí um deles me levou para um quarto da casa. Lá eles me obrigaram a tirar a roupa para depois me apalparem e se masturbarem na minha frente", acrescentou a vítima.

A autora da denúncia disse ainda estar sendo ameaçada de morte pelos policiais e que, por isso, também registrou queixa na Corregedoria da Polícia Militar do Amazonas. Ela disse que teve de mudar de casa após de ter recebido um "recado" dos policiais. "Tive de me mudar. Uma mulher ligou para minha cunhada e mandou avisar que se eu denunciasse os policiais eles me encheriam de bala", destacou.

Na sexta-feira (14), ela irá novamente ao Ministério Público para fazer o reconhecimento dos PMs acusados. “Vamos ver o que vai acontecer”, disse a mulher.

O corregedor da PM, major Augusto Sérgio Farias, informou que, pela data, local e horário relatados pela denunciante, é possível saber quem são os policiais citados. Ele também ressaltou que será instaurado inquérito policial militar e que os suspeitos serão ouvidos pela Corregedoria Geral, responsável pela apuração e punição administrativa de policiais acusados de crimes.

"Como foi instaurado inquérito policial, eles vão responder criminalmente e, caso seja comprovada a situação denunciada, vão responder pelo crime na Justiça Militar estadual”, explicou Farias. “Eles também terão de responder a um procedimento administrativo para sabermos se eles vão continuar na corporação, mas isso vai depender da veracidade da denúncia." A mulher, segundo ele, foi ouvida ontem (11) pela corregedoria.

Como a vítima nega ter havido penetração, os acusados, segundo o major, respondem por atentado violento ao pudor. Considerado hediondo, o crime é considerado tem pena de até dez anos de prisão.

Em nota, o subsecretário da Secretaria de Direitos Humanos de Manaus, José de Oliveira Barroncas, disse que o Estado precisa resolver a questão para não estimular outras atrocidades. "Essa jovem nem deveria passar pelo vexame de reconhecer seus agressores”, argumentou. Segundo Barroncas, amostras de DNA supostamente deixadas pelos policiais na roupa da vítima facilitariam a identificação dos acusados.','').

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