sábado, 13 de outubro de 2007

Presa, rainha do tráfico vira celebridade no México


Conhecida como Rainha do Pacífico, Sandra Avila Beltran foi presa no mês passado.Ela é acusada de liderar grupo para o tráfico de cocaína em larga escala.

Uma mulher que foi bem sucedida num campo dominado por homens sempre intriga o público, mas quando esse campo é o tráfico de cocaína em larga escala e a mulher possui charme e beleza, surge uma celebridade do crime.


Desde sua prisão, no mês passado, Sandra Avila Beltran, mais conhecida como a Rainha do Pacífico, tem recebido tanta atenção da imprensa que faria até Jesse James ficar com inveja. Os mexicanos têm acompanhado de perto seu caso e os esforços que as autoridades têm feito para extraditá-la para os EUA, onde ela é procurada. Os promotores afirmam que Avila Beltran, uma mulher curvilínea, de cabelos negros , 46 anos de idade e que gosta de moda, desempenhou um papel importante na criação de uma federação de traficantes na região oeste do estado de Sinaloa, bem como no estabelecimento de uma aliança com os fornecedores colombianos. Em sua trajetória, ela seduziu diversos chefões do tráfico e policiais de alto escalão, tornando-se uma grande força no mundo da cocaína com uma combinação de tino para os negócios, estratagemas mafiosos e “sex appeal”, segundo promotores.

Grande dama
O fato de alguns músicos de Tijuana terem composto uma música sobre ela dá uma boa medida de sua importância. A canção, conhecida como “narco-corrido” exalta as virtudes de uma “grande dama que tem papel-chave no negócio”, está sendo tocada sem parar pelas estações de rádio desde sua prisão.


Sandra Avila Beltran, em foto de arquivo, junto com outros traficantes mexicanos (Foto: AP)
A polícia declarou que Avila Beltran nasceu em meio ao tráfico. Ela é sobrinha de Miguel Angel Felix Gallardo, um importante traficante de Guadalajara que atualmente cumpre uma longa pena de prisão por contrabando e o assassinato de um agente antidrogas norte-americano, Enrique Camanera. Outro tio é Juan Quintero Payan, que foi extraditado para os Estados Unidos recentemente devido a acusações de tráfico de drogas. De acordo com a polícia, sua lista de conquistas amorosas incluía membros importantes do cartel de Sinaloa, como Ismael Zambada, conhecido como El Mayo e Ignacio Coronel, conhecido como Nacho. Ambos ainda são líderes poderosos dentro da organização Sinaloa. Seus amantes tiveram melhor sorte que seus maridos. Ela já foi casada com Jose Luis Fuentes, comandantes da polícia federal em Sinaloa, executado por uma gangue. Mais tarde, foi casada com Rodolfo Lopez Amavizca, comandante do agora extinto Instituto Nacional do Combate às Drogas. Ele também foi assassinado, em 2000, por um pistoleiro, num hotel em Hermosillo, capital do estado de Sonora, nordeste do México.
Caso de amor
De todos os casos de amor que ela teve, foi sua união de longa data com o notório traficante colombiano Juan Diego Espinosa, auto-denominado “O Tigre”, que firmou sua posição nos mais altos escalões do submundo mexicano.
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Juntos, eles firmaram acordos entre os traficantes do México e da Colômbia no fim dos anos 90 e em 2000. Ela assumiu o controle dos carregamentos de cocaína do cartel de North Valley na Colômbia para os portos do oeste do México, ganhando assim a alcunha de Rainha do Pacífico. Ao mesmo tempo, Avila Beltran estabeleceu diversos negócios legais que os investigadores suspeitavam que seriam usados para lavagem de dinheiro – uma rede de salões de bronzeamento artificial e uma próspera empresa imobiliária com mais de 200 propriedades no estado de Sonora.
Fim do reinado
Mas sua sorte começou a acabar em dezembro de 2001, quando autoridades apreenderam um barco de transporte de atum e encontraram mais de 9 toneladas de cocaína a bordo, avaliadas em US$ 80 milhões. Seis meses depois, seu filho adolescente foi seqüestrado em Guadalara e ela escorregou. Contatou as autoridades pedindo ajuda, mas acabou pedindo aos policiais que ficassem fora de seu caminho e cuidou sozinha das negociações com os seqüestradores, conseguindo seu filho de volta após 17 dias. Mas os promotores disseram que o pedido de resgate de US$ 5 milhões levantou suspeitas sobre sua renda. Eles começaram a investigá-la e em julho de 2002 encontram ligações dela com o barco de transporte de atum. Eles também acharam conexões dela com outros membros da família Espinosa, entre eles uma mulher que foi presa no aeroporto da Cidade do México com US$1,5 milhão, disseram os promotores. Avilan Beltran escapou de ser foi presa e ficou escondida. Ela vivia calmamente na Cida do México num bairro de classe média e usava o nome de Daniela Garcia Chavez.
Gosto pelo luxo
Ela não abandonou seu gosto pelo luxo. Ela adorava jantar no Chez Wok, um caro restaurante de comida tailandesa no bairro de Polanco. Ela dirigia uma BMW e freqüentava os mesmo salões de beleza que as celebridades da televisão. Em março de 2004, Avilan Beltran foi indiciada por acusações separadas de tráfico de drogas em Miami, juntamente com diversos membros da família Espinosa, de acordo com os documentos do tribunal. Mas os agentes dos EUA não fizeram progresso algum na sua prisão, mesmo com ela vivendo uma vida de luxo na Cidade do México, de acordo com os registros do tribunal. Um juiz dos EUA acabou ordenando que os mandatos de prisão para os dois fossem anulados num esforço para fazer com que cooperassem na busca por Avila Beltran. O juiz ressaltou o fato de ela ter sido uma fugitiva no México durante anos.

Prisão
No dia 28 de setembro, mais de 30 agentes federais mexicanos invadiram um estabelecimento onde ela estava tomando um café e a prenderam. Ela friamente pediu aos agentes que a deixassem retocar a maquiagem antes que a polícia filmasse sua transferência para a cadeia. No vídeo, ela ajeitou o cabelo e sorriu para as câmeras, exibindo jeans apertados e saltos altíssimos enquanto era conduzida pelo braço por um agente. Sua vida atrás das grades no presídio feminino de Santa Marta Acatitla, na capital, aparentemente não era de seu agrado. Ele reclamou junto à comissão de Direitos Humanos da Cidade do México, afirmando que sua cela tinha insetos, aos quais se referiu como “uma fauna nauseante”. Ela também afirmou que a proibição de receber entregas de comida de restaurantes violava seus direitos.
Tradução: Luiz Marcondes

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi achei teu blog em um passeio por acaso na net, ja morei em Rondonia há uns 10 anos atrás e sempre que posso me informo sobre o Estado, por isso farei visitas por aqui. Abraços