terça-feira, 23 de outubro de 2007

Justiça determina intervenção em cooperativa acusada de adulterar leite

A Justiça Federal nomeou na segunda-feira (22), a pedido do Ministério Público Federal, um interventor na Coopervale (Cooperativa Agropecuária do Vale do Rio Grande Ltda.), uma das duas cooperativas acusadas de adulterar leite. Ontem, 29 pessoas ligadas ao esquema foram presas, segundo a Polícia Federal, na operação Ouro Branco.

Geraldo Cardoso Sobrinho, nome recomendado pelo Ministério Público Federal, assume a cooperativa enquanto seus diretores estiveram presos. A diretoria da Coopervale teve a prisão temporária --de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco-- decretada.

Na medida cautelar, o juiz federal substituto Alexandre Henry Alves admite que a substituição no comando deveria ser decidida pelos cooperados, de acordo com o estatuto da Coopervale, mas diz que concorda com a nomeação do interventor porque a investigação sobre o caso ainda não terminou.

"Vejo a medida também necessária no sentido de preservar eventuais provas que ainda necessitem ser colhidas pela Polícia Federal, o que poderá ser assegurado com a nomeação de pessoa de reconhecida qualificação profissional", afirma a medida.

Nesta terça-feira, o Ministério Público Estadual determinou o recolhimento de leite longa vida em Uberaba (MG). A medida é preventiva. Os estoques de leite das marcas Parmalat e Calu, que seriam compradores da Coopervale e da Casmil (Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro), devem ser retirados das prateleiras e mantidos nos estoques dos mercados enquanto os laudos do Ministério da Agricultura, que avalia a qualidade do produto, não ficam prontos.

Em nota, a Parmalat disse que comprava apenas leite cru dos envolvidos e que "não adquire produtos processados, envasados ou embalados nas fábricas da Casmil e da Coopervale, citadas na operação Ouro Branco."
A Calu, também em nota, declarou "que não tem nenhum vínculo comercial (envase, compra ou venda de leite) com as cooperativas envolvidas na suposta denúncia de adulteração de leite em Minas Gerais."

Fraude
De acordo com a PF, a Coopervale e Casmil "batizavam" o leite para aumentar seu volume e adicionavam produtos químicos para que ele durasse mais tempo. A fraude foi descoberta após denúncias de outras cooperativas e de ex-funcionários das empresas. O esquema, segundo a PF, foi criado por um químico que teria vendido a fórmula para vários laticínios da região.

Parte da adulteração era executada com substâncias não permitidas pela lei e, segundo a PF, o leite adulterado foi considerado impróprio para consumo humano em um laudo realizado por um laboratório do Ministério da Agricultura.

A Casmil é acusada de adicionar peróxido de hidrogênio (água oxigenada) ao leite, substância que disfarça más condições sanitárias de conservação e transporte, enganando os compradores. "A princípio, as empresas compradoras são vitimas", diz o procurador Carlos Henrique Dumont Silva.

O peróxido de hidrogênio pode causar a redução do seu valor nutricional. Quem a ingere pode ter dores de estômago e até morrer, dependendo da concentração, segundo o laudo obtido pela Procuradoria mineira. O laboratório não conseguiu detectar a concentração da substância no leite analisado.

O laudo confirmou também a adição de soro ao leite acima do índice máximo. Nesse caso, ele só poderia ser destinado à alimentação de animais. No caso da Coopervale, o leite também foi considerado impróprio para consumo humano. As cooperativas, segundo a procuradoria, usavam até soda cáustica. }

A intenção era "recuperar" o leite que chegava estragado dos produtores rurais.

Nenhum comentário: