segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Deputado confessa ter 31 assessores e acha isso benéfico para a população


Imaginando ser o guardião da decência no Legislativo, o deputado Alex Testoni acha que é moralmente sustentável ter 31 assessores em seu gabinete, porque “isso ajuda o povo” rondoniense.

Rondônia vem convivendo nos últimos anos com os efeitos dos piores momentos da degradação moral que atinge as instituições públicas, notadamente no segmento político. Uma das instituições mais afetadas diante de uma sociedade inerme e de uma elite doente, fraca e acovardada, que se cala, que se rende e se deixa acuar, foi o Poder Legislativo, onde estouraram escândalos, com uma rotina intolerável, mas tolerada, sobretudo no cerne do próprio parlamento, onde sempre prevalece o corporativismo.

Vários deputados passaram os últimos dias expondo uma grande indignação diante de afirmações do deputado Alex Testoni ao um programa radiofônico de entrevistas, dando conta da existência na Casa do Povo de um grupo parlamentar que faz de tudo para sabotar um suposto programa de moralização daquele poder.

Mas o deputado do PTN fez outras revelações importantes na tal entrevista. Mas até agora elas não motivaram qualquer polêmica na Casa e nem fora dela. Uma dessas informações verbalizadas por Testoni dá conta de que os atuais deputados têm além dos R$ 18 mil de salário, uma verba de gabinete da ordem de R$ 47 mil para gastar na livre contratação de pessoal. É graças a essa montanha de dinheiro que o milionário Alex Testoni tem, além dos servidores do quadro fixo da Assembléia Legislativa, 31 assessores distribuídos entre o seu gabinete na Assembléia e seu escritório político em Ouro Preto do Oeste.

Na entrevista, o parlamentar considerou que com esta prática completamente ética pois, como disse, “quem ganha é o povo”.

DISTRIBUINDO DINHEIRO
Admitindo ser mesmo um homem muito rico, na tal entrevista o deputado afirma, com todas as letras, que não fica com um centavo do dinheiro que recebe da Assembléia. Para ele, pegar os milhares de reais e contratar um batalhão de assessores que, segundo disse, “presta serviço à população” é um ato de grande valor ético, feito sem nenhum objetivo politiqueiro.Mais do que colocar assessores pagos com o dinheiro da Assembléia para auxiliar prefeituras na elaboração de projetos de obras, ou dar sustentação à Câmaras Municipais em entidades civis diversas no desentrave burocrático de processos administrativo, ou prestar serviços diretos à população em áreas como defensoria pública, o deputado usa o seu próprio salário para custear obras municipais, como o bloqueteamento de uma via pública em Vale do Jamari, onde põe até carretas de transporte para manter a obra andando, como contou na entrevista a Arimar Sá, acrescentando que se envolve diretamente, com seu dinheiro, até na reforma de colégios e recuperação de estradas.

A “bondade” de Testoni para com os eleitores de sua região é imensa. O parlamentar disse que doou neste ano 402 lotes de terrenos urbanos em Ouro Preto para fazer um grande Conjunto Habitacional numa área nobre. Não explicou como seleciona os eleitores agraciados e nem se exige dos premiados algum tipo de fidelidade especial.Testoni.

Essa “bondade” de Testoni não é práxis de seus colegas, como ele mesmo reconheceu: nem todos têm “condição financeira muito elevada” que permita distribuir a verba de gabinete que recebem da Assembléia para custear um sistema assistencial igual ao praticado por ele. Talvez seja por isto que o próprio Testoni disse, na entrevista, que “não vai roubar nenhum centavo da Assembléia” destacando em seguida: “Não sabia que a roubalheira na Assembléia era tanta e nem sabia que iria sofrer uma pressão tão grande” pela sua ação em favor da moralização daquele Poder.

VAI CONTINUAR
Ao confirmar, na entrevista a Arimar, que vive momentos de tristeza ao entrar numa Assembléia onde é um homem odiado por parte de seus pares, Testoni garantiu que não vai recuar diante do complô que tenta barrar sua cruzada pela moralização. Garantiu que vai continuar denunciando que se comportam de maneira indecorosa, repelindo sempre as provocações que buscam fabricar contra ele uma imagem de um tiranete de uma república de bananas.

O deputado de Ouro Preto do Oeste, mesmo com tanta determinação, recuou de sua promessa de divulgar o nome dos envolvidos na última roubalheira, como assim o considerou, da legislatura que, sempre segundo as declarações do deputado ao programa de Arimar Sá, na última semana de janeiro deste ano consumiram 16 milhões e 200 mil reais dos cofres do legislativo estadual.

Nenhum comentário: