terça-feira, 18 de setembro de 2007

Número de municípios com acesso à internet cresce 178%, IBGE mostra que, de 99 a 2006, índice de cidades do País com lojas de DVDs aumentou 73%


Felipe Werneck e Alexandre Rodrigues - Mais provedores de internet, mais lojas de discos e DVDs, mais videolocadoras e menos livrarias. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem o Suplemento de Cultura da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic), que traça um perfil cultural das cidades do País.

Os municípios com provedores de internet aumentaram 178% no período de sete anos. Estavam presentes em 16,4% dos municípios em 1999, primeiro ano da pesquisa, e atingiram 45,6% em 2006. O número de cidades onde há lojas de discos e DVDs cresceu 73,8% em relação ao mesmo período, chegando a 59,8% dos municípios. Aqueles com videolocadoras subiram 28,3% - a presença foi ampliada para 82% das cidades. Também aumentaram os municípios com museus (+41,3%), teatros ou salas de espetáculos (+54,7%) e bibliotecas públicas (+16,8%). Mas houve queda de 15,5% no número de cidades com livrarias no mesmo período. Isso não significa, para o IBGE, que esteja ocorrendo necessariamente redução da venda de livros porque “o comércio se diversificou para bancas, supermercados e para a internet”.

As rádios comunitárias foram pesquisadas pela primeira vez em 2006. Elas podem ser ouvidas em quase metade (48,6%) dos 5.564 municípios do País, superando as estações comerciais locais FM (em 34,3% das cidades) e AM (em 21,2%). A TV aberta ainda tem a maior cobertura, presente em 95,2% dos municípios, embora tenha ocorrido uma pequena redução em relação a 1999 (-3,2%).

No país, só 4,2% das cidades têm secretaria municipal exclusiva para a cultura, o que para o IBGE revela o “lugar ainda marginal do setor”. Dos municípios do País, 42,1% admitiram não ter uma política cultural formulada. Foi destinado R$ 1,5 bilhão para a cultura em 2006, correspondente a 0,9% do total das receitas municipais arrecadadas - proporcionalmente, é mais que o 0,8% aplicado pelo governo federal no setor.

No País, 83,8% das cidades disseram ter orçamento exclusivo para a cultura, mas grande parte dos recursos é absorvida por funções administrativas. Só 5,1% têm Fundo Municipal. A região que mais destinou recursos para o setor foi a Nordeste (1,2% do total da receita). Norte e Sul informaram ter destinado 0,8%; e Sudeste e Centro-Oeste, 0,9% e 0,6%, respectivamente.

O ministro da Cultura, Gilberto Gil, admitiu ontem que a pesquisa tem “um certo gosto amargo”. No quinto ano à frente da pasta, Gil ainda pleiteia no governo a aplicação de 1% do orçamento federal na cultura, meta recomendada pela Unesco. Segundo ele, a cultura deve chegar a 0,9% em 2008. “A cultura ainda não tem a percepção que deveria ter por grande parte do grande conjunto brasileiro, passando por governos, população, instituições de ensino e meio empresarial”, disse Gil.

O ministro afirmou que “há um enorme vazio de gestão cultural no País”, ao comentar a falta de estruturas e políticas de cultura nas cidades.

Gil defendeu que mais municípios criem leis de incentivo à cultura, com renúncia fiscal, atraindo o empresariado. Só 5,6% das cidades declararam ter legislação de incentivo. Na Região Sudeste, 8% dos municípios têm legislação de incentivo, ante 0,6% no Nordeste.

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