quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Greve nos Correios atinge 80% dos funcionários, diz sindicato

YGOR SALLESda Folha Online

A greve na ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), iniciada na noite desta quarta-feira, atinge no início da tarde de hoje 80% dos funcionários da empresa, sendo a maioria no setor de distribuição. A informação é da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares).

A paralisação conta com adesão em assembléia em 22 Estados e no Distrito Federal, segundo o sindicato. Nos outros quatro Estados --Espírito Santo, Minas Gerais (exceto regiões de Uberaba e Juiz de Fora), Mato Grosso do Sul e Sergipe-- os funcionários rejeitaram a greve, mas novas assembléias nestes locais podem reverter a posição.

Porém, as agências estão funcionando normalmente. A reportagem da Folha Online entrou em contato com agências em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, e todas abriram hoje. Mas elas não estão aceitando o envio dos produtos Sedex 10, Sedex Hoje e Sedex Mundi --pois todas elas fixam prazos de entrega, que não podem ter garantia de cumprimento por causa da adesão à greve mais forte na distribuição e entre os carteiros. O Disque-Coleta (serviço de atendimento a domicílio) também não funciona normalmente.

As agências dos Correios estão funcionando normalmente, informa a empresa
Até o momento, a direção dos Correios --que não tem balanço sobre quantos funcionários cruzaram os braços--não entrou em contato com o sindicato para realizar negociações em relação à greve.

Segundo José Gonçalves, representante do comando de negociação da Fentect, a expectativa é parar cerca de 100 mil dos 110 mil funcionários dos Correios. "O [setor] mais afetado é a entrega porque a presença do setor operacional na greve é muito forte", explicou. "Se tiver alguma coisa que está em funcionamento é o administrativo."

Segundo os Correios, porém, a greve não possui esse nível de participação. A estatal admite movimentação mais forte apenas nas unidades de Curitiba, Porto Alegre e Teresina. A empresa informa que o ponto dos grevistas foi cortado.

A empresa ainda afirma que as agências estão funcionando normalmente e que a movimentação de correspondências durante a madrugada --que corresponde a cerca de 3.300 toneladas, sendo 800 por transporte aéreo e 2.500 por rodoviário-- não teve nenhum problema.

Negociação

O sindicato pede reajuste de 47,77% como reposição de perdas salariais do período de 1994 até hoje, um aumento linear de R$ 200, a negociação do plano de cargos e salários para a estatal e a contratação de mais 25 mil funcionários, em especial para o setor operacional.

Por meio de nota, os Correios informam que fizeram proposta de aumento linear de R$ 50 e reajuste salarial de 3,74% --o que significa um aumento entre 4,36% a 13,28%, conforme a faixa salarial--, além de abono linear de R$ 400 e um vale-alimentação extra de R$ 391 em dezembro. Também oferecem isonomia no parcelamento da devolução do adiantamento de férias em até 5 vezes e aumento dos valores de todos os benefícios e gratificações, variando de 13,33% a 5%.

Como os Correios pretendem esperar para ter uma posição definitiva sobre o tamanho da paralisação, ainda não há perspectiva de quando as duas partes devem iniciar negociação.

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