domingo, 23 de agosto de 2009

Com construção de usinas, Porto Velho vive 'corrida do ouro'

Com maior população, faltam escolas e hospitais, e violência cresceu.

Cidade vai receber R$ 32 bilhões em investimentos nos próximos dez anos.

Do Globo Amazônia, com informações do Jornal da Globo


A capital de Rondônia vive uma espécie de corrida do ouro. Com 380 mil habitantes, a cidade vai receber R$ 32 bilhões em investimentos nos próximos dez anos por causa da construção das usinas de Santo Antônio e Jirau.

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Porto Velho é hoje essencialmente uma cidade pobre da Amazônia. Apenas 3% da população têm acesso à rede de esgoto, por exemplo. Com a chegada dos grandes projetos abriu-se uma polêmica: eles vão atrair mais gente e piorar os problemas sociais ou, ao contrário, vão trazer riqueza e ajudar a resolver os problemas?

"A gente está torcendo para que melhore um pouco, porque a situação está meio difícil aqui", diz a moradora Valdina Vieira Nogueira. "Muita gente está desempregada e hoje vejo todo mundo empregado, trabalhando. A cidade está tendo muito trabalho", completa o aposentado Paulo Ferreira Chaves.

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A frota de veículos cresceu 17% nos últimos doze meses, para felicidade das concessionárias que se instalaram na cidade. "Nós viemos para uma loja, temos quatro hoje e pensamos em mais lojas no futuro", conta o gerente de uma loja de carros, Ivan Rocha.

O porto chegou à capacidade máxima e precisa de reformas urgentes. O prefeito Roberto Sobrinho reconhece: com o aumento rápido da população, faltam escolas, hospitais e os índices de violência aumentaram. "Esse volume de obras em andamento no município causa um conjunto de transtornos. No trânsito, transtorno de toda a ordem, mas eu prefiro ter esse transtorno, do que viver na situação anterior, onde as coisas não aconteciam e a realidade era muito dura, muito triste da nossa população."

Moradia

A construção de casas cresceu 30% no ano passado. "A crise mundial passa longe, mas muito longe. Nós não temos a noção do que seja isso. Ao contrário, está faltando gente para trabalhar", diz o dono de uma imobiliária, José Maria da Costa.

Falta pedreiro, carpinteiro, engenheiro. As construtoras das usinas tiveram de abrir escolas técnicas gratuitas para preencher as vagas. A formação de mão de obra qualificada da região é uma das consequências mais positivas da construção das hidrelétricas. Gente que estava desempregada ou sobrevivendo na roça, sem futuro, encontrou uma profissão e um novo caminho de vida. "É uma oportunidade grande porque nas outras firmas ninguém consegue fazer curso", diz o aluno Jeremias de Oliveira.

A escola da Usina Santo Antônio tem 1.100 alunos. A aluna Jucicélia Batista vai sair do desemprego e se emociona. "Com esse salário que eu vou receber, vou ter uma estabilidade melhor". A atual fase de expansão de empregos tem data para acabar? "Veio um monte de gente de fora por causa do emprego e quando acabar as usinas ficarem prontas? Onde esse povo vai ficar?", pergunta a babá Suelen Cristina Oliveira das Chagas.

Outras usinas


Os empreendedores das hidrelétricas apostam no futuro. Ainda há muita construção pela frente. Duas novas usinas, uma na Bolívia e outra na fronteira, e em Santo Antônio e Jirau, duas eclusas, obras que permitem a passagem de balsas pelas barragens.

A Hidrovia do Madeira vai alcançar o Peru e a Bolívia. Com a Rodovia Interoceânica, a ser inaugurada em fins de 2010, Porto Velho vai ser pivô do comércio regional. "É uma oportunidade não só de crescimento para Rondônia, mas de crescimento e criação de um pólo industrial que vai atender várias obras no coração da América, no coração da Amazônia", diz o diretor Institucional da Energia Sustentável do Brasil, José Lúcio Gomes.

A usina de Santo Antônio começa a produzir energia no fim de 2012 e a de Jirau, em março de 2012.

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