Veja passa da conta
Fui a Limoeiroe não me encontrei (Talis Andrade in Os Herdeiros da Rosa)
A revista meteu na capa uma foto eclipsada de Fidel Castro com a chamada Já vai tarde; o jornalista Luiz Antonio Magalhães, do Observatório da Imprensa, achou que o pessoal ultrapassou os limites e protestou em artigo que é a nota dez da coluna: Isto é jornalismo? Não, nitidamente, não é jornalismo. Se alguém tinha alguma dúvida, a capa de Veja desta semana (edição nº 2049, de 27/2/2008), reproduzida abaixo, é esclarecedora: trata-se de um panfleto de direita e não uma revista informativa. O jornalista Luis Nassif, que está escrevendo um dossiê sobre a revista Veja em seu blog, é até gentil ao classificar de "jornalismo de esgoto" o que é publicado na revistona mais vendida do país.
Leia aqui a íntegra desse justíssimo artigo-bofetada.
(E para completar o epítome vejal da semana, leia outro artigo do Observatório, escrito pelo mestre Deonísio da Silva, intitulado Cuba, outro país, outro comandante, que começa assim: “A revista Veja, outrora referência no jornalismo nacional e internacional, desistiu de contratar quem sabe escrever?”)
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Amor de perdiçãoEnquanto aguardava a chegada da Folha de S. Paulo, um dos muitos jornais que assina, o considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Belo Horizonte, resolveu passar os olhos no Estado de Minas. E como quem procura sempre acha, ele encontrou, no caderno Gerais: “Rapaz morre -- BALEADA PELO EX-NAMORADOA estudante Daiane Ribeiro Damas, de 20 anos, está internada em estado grave no Pronto-Socorro João XXIII. Ela levou um tiro na cabeça e o ex-namorado Ailton Ribeiro Damas, de 24, é o principal suspeito. Testemunhas informaram que, depois de balear Daiane, ele atirou na própria cabeça e morreu na madrugada de ontem.” A julgar pelos sobrenomes, trata-se de paixão incestuosa, porém o jornal ignorou solenemente tal possibilidade. Isso deveria ter sido elucidado. Ou estou errado? Camilo está certíssimo, nesta e noutra que enviou à coluna, intitulada Uma vida, uma árvore. Trata-se de projeto revolucionário que medra em Belo Horizonte. Leia no Blogstraquis.
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Falsos juízesPerplexo como sempre, porque é difícil alguém se acostumar com a safadeza, por mais recorrente que seja, Janistraquis leu o seguinte texto no indispensável site Consultor Jurídico, sob o título Provas marcadas -- Relator no CNJ diz que houve fraude em concurso no Rio.
Houve fraude no 41º concurso para ingresso na magistratura feito pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em 2006. Esta é a conclusão do relator do processo sobre o caso no Conselho Nacional de Justiça, promotor Felipe Locke Cavalcanti (...). O relator afirmou que houve quebra de sigilo do conteúdo da prova, além de diversas outras irregularidades. Com isso, os 24 juízes aprovados, e que estão trabalhando, correm o risco de ter de deixar os gabinetes. As suspeitas eram de quebra de sigilo e fraude para beneficiar filhos, noras, genros e sobrinhos de desembargadores do TJ fluminense. Entre os aprovados no processo, sete têm parentesco com desembargadores.
Confira aqui os detalhes deste episódio tanto assombroso quanto brasileiríssimo e deverasmente nauseabundo. Que há juízes analfabetos “julgando” a sociedade, todos sabemos; mas além de analfabetos, criminosos, acontece só de vez em quando.
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Dispensa/despensaO considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo varandão debruçado para a triste realidade vê-se o salário mínimo a lavar o rabo no espelho d’água do palácio, pois Roldão separava mofados exemplares do Correio Braziliense quando deparou com o seguinte texto, acocorado sob o entretítulo Resgatados após três meses:
(...) "Os mantimentos duraram até o início de janeiro, quando o grupo decidiu sair em busca de ajuda. Eles chegaram a comemorar o ano-novo com a comida da dispensa militar."
Comemorar a dispensa militar, só se houvessem sido reprovados no exame médico na época do recrutamento. Como se tratava de mantimentos só podia ser a despensa militar.
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O tamanho da trolhaO considerado Fausto Osoegawa, que comemora o centenário da imigração japonesa, enviou link do site Estronho, que publicou esquisita matéria de A Gazeta, do Espírito Santo, na qual se lê, como se fossem caracteres chineses, a expressão “Vá se fuder!”, assim mesmo, com u de urtiga.
Trata-se de episódio de 2005, enviado ao Estronho por colaborador que se assina Mukeka, de Vitória (ES), porém besteira não prescreve e o leitor poderá conferir aqui o tamanho da trolhaça.
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Mestre TalisLeia no Blogstraquis a íntegra de A Visita da Velha Senhora, cujo excerto é a epígrafe da coluna. São versos do poeta no reencontro com as raízes.
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Poder aos bandidos Noticinha que foi manchete por aí, estabacada sob o título Lula: "Se porrada educasse, bandido saía da cadeia santo": O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira diante de operários no canteiro de obras de uma siderúrgica no Rio de Janeiro que, se o Estado e as empresas não dão oportunidade à população, o crime organizado dará. O presidente disse que "se porrada educasse, bandido sairia da cadeia santo".
Janistraquis, que não dá refresco à insensatez alheia, embora ande a confundir cerimônia com seriema, acha que o presidente deixou justiça e polícia em maus lençóis, ao revelar o oficial e medonho tratamento do sistema carcerário, e encheu definitivamente o saco da nação:
“É quase impossível suportar as maluquices do elemento, considerado; e se ele diz que o crime organizado dará oportunidade à população, é melhor botar logo o crime organizado no poder; pelo menos é organizado, né não?”
Sou obrigado a concordar.
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Sérgio AugustoO melhor jornalista cultural do Brasil analisa a nova crise nos Bálcãs, a partir de um artigo de Roger Cohen, do International Herald Tribune/NYTimes:
Não acaba de nascer, na antiga Iugoslávia, um “novo país independente”. O que efetivamente houve, no dia 17, foi uma declaração de dependência. O que concretamente nasceu (de cesariana) na província sérvia foi uma república parlamentar de proveta, um protetorado europeu (ou, melhor, da Otan), de duvidoso status internacional, reconhecido por alguns países, refutado por outros, e sem chances de vaga na ONU, negada pela Rússia, que tem poder de veto e é aliada histórica da Sérvia.
Leia no Blogstraquis a íntegra do artigo originalmente escrito para o caderno Aliás, do Estadão.
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Político sertanejoO considerado Leonardo Seabra, estudante de jornalismo em Natal (RN), envia notícia extraída do site Nominuto com o seguinte e extraordinário título:
Vereador promete sentar nu, em cima de cacto, em pleno centro de Caicó.
Conheça aqui os detalhes desta filáucia que revela do que é capaz um político sertanejo quando realmente se garante.
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Isoulamento do ABCDisposto a flagrar ETs e OVNIs no quintal de sua casa, o considerado Fábio José de Mello, insone como todo bom estudioso desses fenômenos, despacha de seu observatório no interior de São Paulo:
Como diria aquele locutor esportivo, chove aos "píncaros" em Descalvado. São 5h49 e estou de vigília para ver se algum disco-voador baixa nos canaviais descalvadenses, mas até o momento os extra-terrestres não deram o ar da graça.
Então decidi saber como está o meu querido ABC, que ficou submerso depois do temporal de ontem. Aí encontrei isso, na página do G1, do portal Globo.com:
“A forte chuva que atingiu São Paulo na noite de quinta-feira isoulou o trem entre as estações Ipiranga e Tamanduateí, e seus passageiros tiveram de ser resgatados por meio de botes do Corpo de Bombeiros, pois o nível da água ainda não havia baixado até 2h".
Choveu muito forte. Se chove fraco, o ABC fica apenas isolado; agora, quando cai um dilúvio de proporções bíblicas, as sete cidades ficam isouladas!
Vou voltar aos canaviais.
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Apaga ou não apaga?Finalzinho do artigo do considerado José Sarney na Folha de S. Paulo, a propósito do altruísmo de Fidel:
Sua renúncia vira uma página da história. É o fim de um ciclo, ao qual ele teve a capacidade de chegar influindo em sua própria transição. O que vem pela frente ninguém sabe. O que se sabe é que seu nome, para amigos e inimigos, é tão forte que nem a morte apagará.
Janistraquis, que anda mais intolerante do que os luminares da CNBB, leu e devolveu:
“A morte nunca apagou o nome de ninguém, considerado; apaga, isto sim, o que o sujeito escreveu, se a própria vida não apagar antes.”
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Errei, sim!“COLLOR E CONFIANÇA – A Folha de S. Paulo, que não veste a camiseta do presidente da República, como sabemos, deixou escapar esta alfinetada: ‘O Confiança, que já foi dirigido pelo presidente Fernando Collor, é hoje um time falido. Vive de doações e paga, em média, um salário mínimo a seus jogadores.’
Janistraquis, que acima de tudo é um especialista em futebol, me garantiu que a única informação correta é o salário pago aos jogadores:
‘Considerado, é tudo mentira’, pontificou meu secretário; ‘o presidente jamais dirigiu o Confiança, que é, por sinal, time de Aracaju. Sua Excelência foi diretor do CSA, este sim, um clube de Maceió.’
Tá certo. Dessa, o Confiança escapou...”. (maio de 1991)
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.
(*) Paraibano, 65 anos de idade e 45 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada “Carta a Uma Paixão Definitiva”.
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