segunda-feira, 22 de junho de 2009

Virgílio cobra Sarney e pede demissão de Agaciel e Zoghbi

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) pediu hoje a demissão dos ex-diretores do Senado Agaciel Maia e João Carlos Zoghbi. Os dois deixaram diretorias do Senado após denúncias de irregularidades, mas continuam empregados no Senado. Virgílio chamou os dois de criminosos.
"O senhor Agaciel tem que perecer como homem público. Tem que perecer! Não é caso de inventarmos nada que signifique panos quentes em relação a ele. O caso dele e do senhor Zoghbi é caso de demissão a bem do serviço público, por se tratar de figuras que não respeitaram a Casa que os abrigou como funcionários e lhes deu todas a oportunidade de fazerem uma carreira", disse ele em discurso na tribuna do Senado.
Virgílio disse em entrevista à colunista da Folha Mônica Bergamo que Agaciel tenta intimidar e chantagear os senadores. Em seu caso, Virgílio disse que Agaciel o ajudou a desbloquear um cartão de crédito no Banco do Brasil quando estava no exterior e ficou "preso" num hotel em Paris, em 2003, por problemas no cartão. Enquanto isso não se resolvia, um funcionário do Senado depositou dinheiro na conta de Virgílio. Ele diz que os recursos foram devolvidos logo depois.
"Se é verdade que Agaciel Maia teria pago despesas minhas, numa viagem ao exterior, com recursos do Senado.... Primeiro, se ele tivesse feito isso, ele mereceria ser preso. Aliás, eu acho que, independentemente disso, ele merece ser preso, ele precisa ser preso, ele precisa ser demitido e preso", afirmou Virgílio em discurso.
Ele cobrou de Sarney rompimento com os dois ex-diretores, a quem chamou de "criminosos." O presidente do Senado foi padrinho de casamento da filha de Agaciel. "A época dos panos quentes acabou. Eu torço para que Vossa Excelência seja capaz de dar as respostas que o Senado precisa. Vossa Excelência precisa romper qualquer laço com essa camarilha. Se disser que não tem condições de romper, não terá condições que continuar à frente desta Casa", afirmou.
Com Sarney sentado à tribuna do plenário, Virgílio disse estar disposto a apoiá-lo caso o presidente do Senado decida "tomar atitudes que levem a Casa ao respeito da opinião pública outra vez". O tucano reconheceu que Sarney vive uma missão "extremamente espinhosa", mas cobrou explicações públicas do peemedebista.
Crise no Senado
A disputa entre PT e PMDB pela presidência do Senado trouxe à tona uma série de irregularidades na Casa. Os dois partidos entraram em conflito após a vitória de José Sarney sobre Tião Viana (PT-AC) na eleição à presidência da Casa.
Dois diretores do Senado deixaram seus cargos após denúncias. Agaciel Maia deixou a diretoria-geral da Casa após a Folha revelar que ele não registrou em cartório uma casa avaliada em R$ 5 milhões.
João Carlos Zoghbi deixou a Diretoria de Recursos Humanos do Senado depois de ser acusado de ceder um apartamento funcional para parentes que não trabalhavam no Congresso.
Reportagem da Folha mostrou ainda que mais de 3.000 funcionários da Casa receberam horas extras durante o recesso parlamentar de janeiro. O Ministério Público Federal cobrou explicações da Casa sobre o pagamento das horas extras trabalhadas no recesso.
Em março, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), líder do governo no Congresso, foi acusada de usar parte da cota de passagens do Senado para custear a viagem de sete parentes, amigos e empresários do Maranhão para Brasília. Por meio de sua assessoria, a senadora disse que nenhum dos integrantes da lista de supostos beneficiados com as passagens viajou às custas do Senado.
No lado oposto, veio à tona a informação que Viana cedeu o aparelho celular pago pelo Senado para sua filha usar em viagem de férias ao México.
No dia 10 de junho, o jornal "O Estado de S. Paulo" publicou um levantamento de técnicos do Senado mostrando que atos administrativos secretos --entre eles o do neto do presidente do Senado, José Sarney-- foram usados para nomear parentes, amigos, criar cargos e aumentar salários.
Os atos secretos teriam sido assinados na gestão de Agaciel Maia.

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