Acusado de emprestar para a filha um celular do Senado utilizado durante viagem internacional ao México, o senador Tião Viana (PT-AC) subiu à tribuna da Casa nesta quinta-feira para rebater acusações de que teria extrapolado seus gastos com saúde ressarcidos pela instituição. Irritado com o que classificou de "onda de denúncias anônimas", o parlamentar leu o extrato dos seus gastos com saúde nos últimos dez anos para tentar comprovar que não exorbitou nas despesas.
Viana disse ter gasto cerca de R$ 43 mil entre os anos 2000 e 2008 em despesas médicas e odontológicas. Só em 2007, quando foi submetido a uma cirurgia, os gastos foram da ordem de R$ 25 mil --o que levou Viana a afirmar que vem sendo alvo de uma "disputa anônima" para arranhar a sua imagem porque não chegou a registrar gastos em alguns anos.
"Eu tenho vivido momentos de dificuldade na instituição. Não vou cair nas acusações dos denunciantes anônimos para fazer disso uma guerra fratricida-política dentro da Casa. Estou preocupado em respeitar a Mesa Diretora que foi eleita. Foi essa razão da minha candidatura à presidência do Senado", afirmou.
Viana leu o extrato anual dos seus gastos com saúde e encaminhou-os para a presidência da Casa --assim como os da sua esposa e filhos. O petista cobrou que os demais parlamentares também abram os seus gastos com saúde para evitar o surgimento de denúncias sem fundamento. O Senado ressarce os gastos médicos e odontológicos dos 81 parlamentares.
"Começou mais um ataque anônimo a mim, sem rosto, que não tem coragem de se mostrar, desta vez dizendo que contas de serviço médico utilizados por mim estão gigantes. Tudo ataque anônimo à minha pessoa. Pedi ao diretor-geral do Senado um extrato dos dez anos mostrando despesas que ocorreram com saúde. Espero que esse ato meu sirva de estímulo. Espero que todos os senadores façam a mesma coisa e entreguem as despesas suas e de seus familiares", afirmou.
Disputa
Há duas semanas, uma onda de denúncias vem arranhando a imagem do Senado. Nos bastidores, atribui-se o vazamento de informações aos grupos de Viana e do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP) --que se enfrentaram nas eleições para a presidência da instituição. Enquanto aliados do petista estariam vazando denúncias contra Sarney e sua filha, senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), o grupo do peemedebista teria divulgado informações contra o petista.
O ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) entrou em campo para evitar um racha na base de sustentação do governo federal no Senado. Viana, irritado com as acusações, não fez menções a aliados de Sarney como responsáveis pelas acusações. O petista disse apenas que as denúncias "sem coragem, sem rosto" lhe causam náusea.
Viana restituiu ontem o Senado pelo gasto feito por sua filha com um celular da Casa na viagem que ela fez ao México, nas primeiras duas semanas de janeiro deste ano. O parlamentar se recusou a informar o valor da conta.
Roseana, por sua vez, foi acusada de usar passagens do Senado para levar a Brasília um grupo de amigos e empresários --que se hospedou na residência oficial de Sarney, que não é ocupada pelo presidente da Casa.
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