terça-feira, 5 de agosto de 2008

Classe média já é mais da metade da população economicamente ativa, diz FGV

A classe média cresceu no Brasil nos últimos anos e já responde por mais da metade da PEA (população economicamente ativa), segundo estudo divulgado nesta terça-feira (5) pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Intitulada "A Nova Classe Média", a pesquisa apresentada pelo economista Marcelo Neri aponta que o número de famílias nesta categoria subiu de 42,26% para 51,89% entre 2004 e 2008.
Pela metodologia da fundação, que se baseia na renda de trabalho, foram consideradas pessoas em idade ativa de 15 a 60 anos.
Para a FGV, uma família é considerada de classe média (classe C) quando tem renda mensal entre R$ 1.064 e R$ 4.591. A chamada elite (classes A e B) tem renda superior a R$ 4.591, enquanto a classe D (classificada como remediados) ganha entre R$ 768 e R$ 1.064. A classe E (pobres), por sua vez, reúne famílias com rendimentos abaixo de R$ 768.
Segundo o estudo, também de 2004 a 2008, as família das classes A e B cresceram de 11,61% para 15,52% da população. Já os brasileiros da classe D passaram de 46,13% da população para 32,59%.
Para levantar os dados, a FGV analisou informações do Ministério do Trabalho e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com os institutos, a redução da pobreza entre 2002 e 2008 em seis regiões metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador) caiu em 13,5 pontos percentuais
Na avaliação de Marcelo Neri, a redução da pobreza e o crescimento da classe média refletem diretamente o aumento do emprego com carteira assinada.
Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), só nos seis primeiros meses do ano foram gerados 1,361 milhão de novos postos de trabalho, um aumento de 24,3% em relação ao primeiro semestre de 2007, recorde para o período. A previsão é fechar o ano em 2 milhões.
Ipea
Segundo outro estudo divulgado hoje, em Brasília, pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o percentual de famílias pobres caiu de 35% para 24,1% da população nas seis maiores regiões metropolitanas do país entre 2003 e 2008. Isso representa uma redução de quase um terço no percentual de pobres, ou cerca de 4 milhões de pessoas.
O levantamento, com base nos dados do IBGE, considera como pobres pessoas em famílias com renda mensal per capita de até meio salário mínimo (R$ 207,50). Já o percentual de indigentes (renda de até R$ 103,75) caiu pela metade no mesmo período, de 13,7% para 6,6%, uma redução de quase 3 milhões de pessoas nessa condição. Hoje, 27,4% dos pobres são considerados indigentes, ante 38,6%, considerando, nesse caso, dados de 2002.
O estudo do Ipea mostra ainda que, entre 2003 e 2008, o crescimento da economia beneficiou também os mais ricos (indivíduo pertencente a famílias cuja renda mensal é igual ou superior a 40 salários mínimos, ou R$ 16,6 mil).
Em termos percentuais, os ricos passaram de 0,8% da população em 2003 para 1% em 2008. Em números absolutos, cresceu de 362 mil para 476,5 mil.

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