segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

JORNALISMO: Index: Acadêmico ateia fogo em livro e ainda ameaça arremessar professora de faculdade pela janela



O acadêmico do 1º período de Jornalismo da Uniron, Rondineli Freitas Cerdeira, o "Gonzalez", deixou perplexo colegas de sala de aula e professores da faculdade com sua atitude na última quarta-feira (29.10). Revoltado por não querer entender o motivo da
2008-10-31 - 15:48:00 - O OBSERVADOR - Matéria Visualizada 106189Vezes
O acadêmico do 1º período de Jornalismo da Uniron, Rondineli Freitas Cerdeira, o “Gonzalez”, deixou perplexo colegas de sala de aula e professores da faculdade com sua atitude na última quarta-feira (29.10). Revoltado por não querer entender o motivo da leitura obrigatória do livro “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, não só ameaçou arremessar a professora pela janela como divulgou em seu blog fotos dele queimando o livro, numa atitude de extrema irritação por não querer aprender a disciplina. O que chamou a atenção não foram as ameaças, mas a forma como ele demonstrou o descontentamento pela leitura do livro, chegando ao ponto de queima-lo e fotografar a atitude e divulgando na Internet como se fosse algo comum. Queimas de livros se tornaram célebres na história do mundo em períodos negros da humanidade como na época da inquisição, onde todas as obras consideradas subversivas pela igreja eram queimados em praça pública juntamente com seus autores. Esses livros eram chamado de Index. Em outros casos, a queima de livros na Alemanha de Hitler objetivava manter o povo na ignorância e impor os ideais Nazistas, passando a idéia de que a raça Ariana era superior às demais. LIVRO O livro que foi queimado pelo acadêmico é longe de ser uma obra proibida e demoníaca. Os Sertões é considerado um dos maiores livros já escritos por um brasileiro, segundo o Wikipedia. Pertence, ao mesmo tempo, à prosa científica e à prosa artística. Pode ser entendido como uma obra de Sociologia, Geografia, História ou crítica humana. Mas não é errado lê-lo como uma epopéia da vida sertaneja em sua luta diária contra a paisagem e a incompreensão das elites governamentais. Determinismo geográfico Concebido segundo o esquema rigoroso do determinismo de Taine, as teses e os princípios científicos adotados pelo escritor envelheceram, achando-se inteiramente desacreditados pelas ciências humanas atuais. Todavia, a maneira pessoal e artística com que ele empregou essa teoria garante atualidade à obra, que, exceto nas asserções de caráter rigorosamente científico, não apresenta sintomas de envelhecimento. Como exemplo, pode-se citar que o determinismo considerava o mestiço brasileiro uma raça inferior, e Euclides da Cunha compartilha dessa visão. Estilo Considerada uma obra pré-modernista, o estilo de Os sertões é conflituoso, angustiado, torturado. Dá a impressão de sofrimento e luta. O autor faz uso de muitas figuras de linguagem, às vezes omite as conjunções (assindetismo), outras repete-as reiteradamente (polissindetismo). Ocorre, com freqüência, a mistura de termos de alta erudição tecno-científica com regionalismos populares e neologismos do próprio autor. Contribuição às ciências sociais Como contribuição às ciências sociais, encontra-se nesta obra de Euclides da Cunha a separação da nação brasileira entre os povos litorâneos e os interioranos. A compreensão de cada uma dessas partes permitiria a compreensão do país como um todo, uma vez que se tinha nas cidades litorâneas polos de desenvolvimento político e econômico e no interior do país condições de atraso econômico que subjugavam suas populações à fome e à miserabilidade. No entanto, ao analisar os fatos ocorridos em Canudos, o autor refuta a noção de que no litoral se encontrariam condições de avanço civilizatório em oposição ao interior. Pelo contrário, aponta que tanto os litorâneos quanto os interioranos, cada qual em suas especificidades, se encontrariam em um estádio bárbaro de sociedade, bastava atentar para a crueldade com que se reprimiu o movimento de Antônio Conselheiro. Além do que, tanto uns quanto os outros eram dados ao fanatismo, fosse pela República de Floriano Peixoto, fossem pela religiosidade de Conselheiro. Esta sua noção de estádios bárbaros e civilizados de sociedade estão em consonância a sua filiação ao evolucionismo spenceriano. Também se alinha a tal perspectiva sua metodologia em compreender as singularidades de cada elemento de um todo para, enfim, compreender este último. No caso, buscou compreender as populações litorâneas e as interioranas como elementos do Brasil como um todo. "Os Sertões é uma obra de arte literária que aborda o avesso da modernização capitalista". Walnice Nogueira Galvão Conteúdo/partes do livro O livro divide-se em três partes: A terra, O homem e A luta. A terra Na primeira parte são estudados o relevo, o solo, a fauna, a flora e o clima da região nordestina. Euclides da Cunha revelou que nada supera a principal calamidade do sertão: a seca. Registrou, ainda, que as grandes secas do Nordeste brasileiro obedecem a um ciclo de nove a doze anos, desde o século XVIII, numa ordem cabalística. O homem O determinismo julgava que o homem é produto do meio (geografia), da raça (hereditariedade) e do momento histórico (cultura). O autor faz uma análise brilhante da psicologia do sertanejo e de seus costumes. A luta Fala sobre o que foi a Guerra de Canudos e explica com riqueza de detalhes os fatos dessa guerra que dizimou a população de Canudos. Referências * REZENDE, Maria José de. Os sertões e os (des) caminhos da mudança social no Brasil. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 201-226, nov. de 2001.
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