sexta-feira, 14 de maio de 2010

Professora da 'Playboy' afastada dos alunos

Por JOSÉ ANTÓNIO CARDOSO e PEDRO SOUSA TAVARES

Professora da 'Playboy' afastada dos alunos

Docente de 25 anos, que posou nua, já não volta à escola. Mas pode vir a desempenhar outras funções. Reacções variam.

A professora de Mirandela que apareceu nua numa produção da revista Playboy já foi afastada do contacto com pais e alunos, tendo sido colocada temporariamente ao serviço do arquivo da câmara municipal da cidade.

A confirmação foi dada ao DN pelo presidente da câmara, José Silvano. O contrato da docente com a autarquia termina a 30 de Junho, e é já garantido que "não voltará a ter contacto com alunos das escolas do concelho". Porém, o autarca admitiu que esta poderá ainda vir a desempenhar "outras funções" na autarquia. "É um caso a analisar", disse, acrescentando: "As pessoas não podem ser discriminadas pelas suas opções."

O afastamento foi decidido ontem à tarde, numa reunião entre representantes da autarquia, Ministério da Educação, pais e a direcção do agrupamento de escolas de Torre de Dona Chama - onde a professora de 25 anos coordenava as actividades de enriquecimento curricular (AEC) do 1.º ciclo do básico.

Entre os encarregados de educação, as reacções a este caso variaram da indignação à tolerância.

A avó de um aluno que frequentava as AEC orientadas por esta docente não hesitou em considerar "uma vergonha pessoas que se despem nas revistas estarem a dar aulas". Já a mãe de uma rapariga da mesma turma mostrou-se mais compreensiva. "Cada um é livre de fazer o que lhe apetece", defendeu. "Não vi nem quero ver [a revista], mas não estou chocada", disse.

"Estranhei o meu filho ter-me pedido dinheiro para comprar uma revista onde vinha a professora", contou ao DN outra mãe. "Quando percebi qual era a revista deu-me vontade de rir", acrescentou, confessando "não conseguir criticar" a docente.

A edição de Maio da Playboy, na qual a educadora de 25 anos ocupa uma produção de oito páginas, interagindo com outra modelo num cenário de salão de cabeleireiro, está esgotada há várias semanas em Mirandela.

Escusado será dizer que em Golfeiras, a pacata localidade transmontana onde esta vive, este é o tema de conversa do momento.

Para Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), a exposição, a que a docente se terá sujeitado "ao tomar uma decisão legítima mas, provavelmente, sem ponderar as consequências", é "a pena" que esta já está a pagar. E "não faz sentido" que lhe seja aplicada mais nenhuma.

"Esta situação deverá ser muito difícil para ela. Provavelmente terá de equacionar dar aulas noutra localidade", admitiu. "Mas nós não somos uma sociedade que defenda a perseguição perpétua das pessoas", acrescentou, defendendo que, no futuro, a professora "não deve ser impedida de exercer uma actividade para a qual está habilitada".

Para João Dias da Silva, presidente da Federação Nacional da Educação (FNE), o que a professora faz "em termos pessoas" não tem "nada a ver com a qualidade do seu desempenho profissional".

O Ministério da Educação informou que "acompanha sempre as questões que envolvem alunos", mas que a questão está a ser "devidamente gerida pela autarquia" à qual a docente está vinculada.

Nenhum comentário: