sexta-feira, 8 de junho de 2007

Polícia libera 90 detidos em confusão em SP

Ninguém ficou preso após um longo processo de averiguação durante a noite. Entre detidos estava um adolescente acusado de portar uma bomba caseira.

As 90 pessoas detidas pela Polícia Militar durante tumulto ocorrido na Avenida Paulista, região central de São Paulo, na tarde de quinta-feira (7), foram liberadas pela polícia. Elas foram detidas por suspeita de terem iniciado ou participado da confusão.

Os detidos foram liberados após um longo processo de averiguação realizado por duas delegacia da capital paulista. Os depoimentos terminaram na madrugada desta sexta-feira (8), por volta de 5h.

Um adolescente, cuja idade não foi fornecida pela polícia, foi responsabilizado pelo porte de uma bomba caseira de alto poder de destruição. O explosivo foi apreendido durante a confusão. Protegido pela lei, porém, o garoto também foi solto. Após confeccção de termo circunstanciado, o menor foi entregue aos pais no 4º DP (Consolação). O artefato será encaminhado ao instituto de Criminalísitca (IC).

O grupo havia sido detido durante os protestos contra a reunião do G-8 na Alemanha. A manifestação incluiu punks e anarquistas, e acabou em confronto no principal corredor de São Paulo.

Delegacias
A maior parte dos detidos foi encaminhada para o 4º DP, na Consolação, e o 78º DP, nos Jardins. De acordo com investigadores do 78º DP, outros três menores também foram liberados aos parentes após elaboração de um termo circunstanciado.No 4º DP, os policiais civis afirmaram que após uma triagem todos os manifestantes detidos foram liberados. Dos 90 detidos, 40 permaneceram na delegacia até por volta de 22h. Esse número foi reduzido para cinco pessoas depois de 1h. Ninguém foi indiciado por porte de drogas ou pela acusação de depredação de lojas.

Coquetel molotov
Durante a manifestação, um coquetel molotov foi apreendido. A polícia, porém, não conseguiu identificar o responsável por essa outra arma caseira.

Protesto e confronto
Os cerca de 200 manifestantes, segundo a PM, se reuniram no vão livre do Masp por volta de 15h e seguiram em passeata por uma faixa da Paulista até a Rua Augusta. Eles pretendiam ir até a sede do Banco Central. Ao chegar na altura da Augusta, segundo o capitão da PM José Carlos Borges, responsável pela operação, parte do grupo se rebelou “sem motivos”.

O capitão disse que lojas foram depredadas e carros que passavam pela avenida foram amassados. Em nota, a PM informou que "o policiamento local se utilizou dos meios necessários para restabelecer a ordem pública na região".


Borges disse que, depois do quebra-quebra, a PM que acompanhava o protesto pediu reforço e entrou em confronto com os manifestantes. No entanto, ele afirma que a polícia não usou força física e não foram lançadas bombas de gás lacrimogêneo.

Entretanto, o tenente Wellington Ricardo Mendonça confirmou ao G1 o uso de bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral para dispersar a multidão e evitar mais danos ao patrimônio público.

Segundo ele, a polícia acompanhava pacificamente o protesto, mas ao chegarem na altura do Shopping Center 3, alguns manifestantes começaram a depredar a loja do McDonald’s que fica ao lado do centro de compras.

A vidraça da frente da lanchonete foi quebrada. Depois, segundo o tenente, os manifestantes começaram a quebrar vidraças de bancos. Pelo menos três agências foram danificadas, segundo a PM. “Foi aí que nós iniciamos a ação com bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral para dispersar a multidão e evitar mais danos ao patrimônio público", disse. Ele informou ainda que várias pessoas foram retiradas de dentro das lojas do Center 3 e levadas para a delegacia. Ele garante que se tratava de manifestantes.

Punk no cinema
O contador Júlio César Arruda, de 40 anos, disse que estava assistindo a um filme numa das salas de cinema no shopping e que foi retirado de dentro do local porque estava acompanhado de um amigo que tinha um corte de cabelo parecido com os utilizados pelos punks. Arruda disse que foi arrastado e pressionado com cacetetes até na frente do shopping com o amigo, onde dezenas de jovens protestavam contra a ação policial com gritos de guerra. O contador afirma que vai entrar com uma ação indenizatória contra o estado.

PM foi acusada de truculência; policiais afirmam que ação foi normal. (Foto: Reprodução/TV Globo)
O capitão PM José Carlos Borges diz que a polícia recebeu informações de que um dos punks que promoveu a depredação de lojas havia se escondido dentro de uma sala de cinema. Ele admite que a dupla foi retirada para averiguações, mas afirma que o contador foi conduzido para fora da sala sem qualquer tipo de agressão. O capitão disse que o mal entendido foi desfeito quando a PM encontrou dentro do shopping o manifestante suspeito de participar do quebra-quebra.
A polícia também deteve manifestantes na Avenida Rebouças e Ruas Augusta e da Consolação.
Por causa do confronto, a Avenida Paulista ficou interditada entre 16h25 e 16h44, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), na altura da Rua Augusta. Assustados, muitos pedestres passaram mal e saíram dos ônibus que circulavam no local. A médica Teresinha Pionto, de 50 anos, estava na Avenida Paulista e disse que viu várias bombas de gás lacrimogêneo sendo atiradas. Ela contou que viu uma idosa caindo no chão no meio da confusão e correu para socorrê-la. A médica disse que socorreu outras três pessoas que estavam passando mal por causa do gás lacrimogêneo.

O comércio da região baixou as portas, principalmente lojas localizadas ao lado da pista no sentido da Consolação.

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