O corpo da escritora Zélia Gattai será cremado hoje, e as cinzas, entregues à família na próxima quarta, para serem depositadas no mesmo local onde foram colocados os restos mortais do escritor Jorge Amado (1912-2001), uma mangueira no quintal da casa onde os dois viveram por quase 40 anos, no Rio Vermelho, em Salvador.
Escritor Antonio Olinto e João Jorge Amado, filho de Zélia, acompanham o velório da autora
Zélia Gattai, 91, morreu no sábado (17), às 16h30, no Hospital da Bahia, em Salvador, de parada cardiorrespiratória.
Ontem, durante o velório da escritora, o movimento foi pequeno pela manhã em uma das capelas do Cemitério Jardim da Saudade -apenas familiares permaneceram no local.
Por volta das 12h, o governador Jaques Wagner (PT), que decretou luto oficial de três dias, chegou ao velório. "Zélia Gattai, apesar de ter nascido em São Paulo, representava muito bem a mulher baiana, por tudo o que fez em vida para exaltar o nome da Bahia."
Memorial
Às 17h40, o corpo da escritora seguiu para a "cerimônia de despedida", em outra capela. Após dois minutos de meditação, o caixão desceu para o crematório, sob aplausos. Inicialmente prevista para as 16h30, a cerimônia foi atrasada a pedido de familiares -os filhos Paloma Amado e João Jorge Amado esperavam João Ubaldo Ribeiro. Amigo da família, o escritor não apareceu no cemitério.
Rogerio Cassimiro/Folha Imagem
Abraçados, Paloma e João Jorge Amado acompanham velório da mãe; filhos disseram querer transformar casa dos pais em memorial
No começo da tarde, João Jorge disse ter a intenção de criar um memorial em homenagem aos pais na casa onde serão depositadas as cinzas da escritora. O imóvel está praticamente abandonado desde a morte de Jorge Amado -há infiltrações nos banheiros, as fiações estão expostas, os banheiros apresentam vazamentos e o cupim invadiu os poucos móveis que ainda estão no local.
Ao saber do projeto, o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB), disse que vai criar uma comissão para estudar a obra. Jaques Wagner disse que, "se for a vontade da família", o governo da Bahia pode tombar a casa onde os dois escritores moraram.
Boa Morte
Antes de o corpo ser transferido para o crematório, Zélia Gattai foi homenageada por quatro integrantes da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, de Cachoeira (BA) -uma confraria religiosa afro-católica, formada por descendentes de escravos. Entoaram cantos, com terços e velas.
Religiosa da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte na cerimônia ontem, em Salvador
O escritor James Amado, irmão de Jorge Amado, disse que Zélia Gattai "não pegou carona nas obras do marido famoso". "Ela começou a escrever tarde, mas deu o seu recado de forma brilhante." James Amado esteve no velório com sua mulher, Heloísa Ramos, filha do escritor Graciliano Ramos.
Doutora
"A última alegria profissional de minha mãe foi receber o título de doutora honoris causa pela UFBA [Universidade Federal da Bahia], que foi dado quando ela já não estava com boa saúde. Minha mãe tinha só o curso primário e ser reconhecida pelo povo baiano foi uma grande alegria", disse Paloma.
O artista plástico Santi Scaldaferri, amigo do casal Zélia Gattai e Jorge Amado e autor de diversas esculturas presentes na Casa do Rio Vermelho, disse no velório que "é muito justo que as cinzas dela se juntem às de Jorge Amado, pois a casa tem a atmosfera deles. Jorge Amado era teimoso com todo mundo, exceto com Zélia. Ele sempre a ouvia".
Escritor Antonio Olinto e João Jorge Amado, filho de Zélia, acompanham o velório da autora
Zélia Gattai, 91, morreu no sábado (17), às 16h30, no Hospital da Bahia, em Salvador, de parada cardiorrespiratória.
Ontem, durante o velório da escritora, o movimento foi pequeno pela manhã em uma das capelas do Cemitério Jardim da Saudade -apenas familiares permaneceram no local.
Por volta das 12h, o governador Jaques Wagner (PT), que decretou luto oficial de três dias, chegou ao velório. "Zélia Gattai, apesar de ter nascido em São Paulo, representava muito bem a mulher baiana, por tudo o que fez em vida para exaltar o nome da Bahia."
Memorial
Às 17h40, o corpo da escritora seguiu para a "cerimônia de despedida", em outra capela. Após dois minutos de meditação, o caixão desceu para o crematório, sob aplausos. Inicialmente prevista para as 16h30, a cerimônia foi atrasada a pedido de familiares -os filhos Paloma Amado e João Jorge Amado esperavam João Ubaldo Ribeiro. Amigo da família, o escritor não apareceu no cemitério.
Rogerio Cassimiro/Folha Imagem
Abraçados, Paloma e João Jorge Amado acompanham velório da mãe; filhos disseram querer transformar casa dos pais em memorial
No começo da tarde, João Jorge disse ter a intenção de criar um memorial em homenagem aos pais na casa onde serão depositadas as cinzas da escritora. O imóvel está praticamente abandonado desde a morte de Jorge Amado -há infiltrações nos banheiros, as fiações estão expostas, os banheiros apresentam vazamentos e o cupim invadiu os poucos móveis que ainda estão no local.
Ao saber do projeto, o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB), disse que vai criar uma comissão para estudar a obra. Jaques Wagner disse que, "se for a vontade da família", o governo da Bahia pode tombar a casa onde os dois escritores moraram.
Boa Morte
Antes de o corpo ser transferido para o crematório, Zélia Gattai foi homenageada por quatro integrantes da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, de Cachoeira (BA) -uma confraria religiosa afro-católica, formada por descendentes de escravos. Entoaram cantos, com terços e velas.
Religiosa da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte na cerimônia ontem, em Salvador
O escritor James Amado, irmão de Jorge Amado, disse que Zélia Gattai "não pegou carona nas obras do marido famoso". "Ela começou a escrever tarde, mas deu o seu recado de forma brilhante." James Amado esteve no velório com sua mulher, Heloísa Ramos, filha do escritor Graciliano Ramos.
Doutora
"A última alegria profissional de minha mãe foi receber o título de doutora honoris causa pela UFBA [Universidade Federal da Bahia], que foi dado quando ela já não estava com boa saúde. Minha mãe tinha só o curso primário e ser reconhecida pelo povo baiano foi uma grande alegria", disse Paloma.
O artista plástico Santi Scaldaferri, amigo do casal Zélia Gattai e Jorge Amado e autor de diversas esculturas presentes na Casa do Rio Vermelho, disse no velório que "é muito justo que as cinzas dela se juntem às de Jorge Amado, pois a casa tem a atmosfera deles. Jorge Amado era teimoso com todo mundo, exceto com Zélia. Ele sempre a ouvia".
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