quinta-feira, 8 de maio de 2008

"Não sou um monstro", diz austríaco que aprisionou filha por 24 anos

O austríaco Josef Fritzl, 73, preso por ter mantido sua filha Elisabeth em cativeiro por 24 anos e abusado sexualmente dela, disse que não é um "monstro", pois teve a possibilidade de matar suas vítimas sem ser descoberto e não o fez.
Segundo o jornal "Österreich", esta declaração é parte do que Fritzl falou para seu advogado, Rudolf Mayer. "Poderia ter matado todos e não aconteceria nada. Ninguém me descobriria", afirmou Fritzl.
O jornal diz que Fritzl criticou a imprensa por falar de forma arbitrária e parcial sobre ele. "Não sou um monstro", disse. Segundo o "Österreich", Fritzl lembrou que em 19 de abril ele mesmo decidiu tirar do porão sua filha Kerstin e a levar ao hospital por causa de grave estado de saúde.
Kerstin nasceu no porão da casa de Fritzl, em Amstetten, na Áustria. A menina, hoje com 19 anos, passou a vida inteira sem ver a luz natural. Foi o aparecimento de Kerstin no hospital que levou as autoridades a descobrirem o crime, um dos maiores da história da Áustria.
Caso Fritzl
No último dia 29, testes de DNA confirmaram que Fritzl é o pai dos seis filhos ainda vivos que Elisabeth teve no período em que ficou aprisionada em um porão sem janelas. Ele abusava sexualmente da filha desde que ela tinha 11 anos. Em uma das vezes que Elisabeth engravidou, ela deu à luz gêmeos, dos quais um morreu três dias após nascer.
Police Niederoesterreich/AP
Fritzl, 73, que confessou manter a filha em cativeiro por 24 anos
De acordo com o chefe da Promotoria local, Peter Ficenc, citado pela Reuters, o austríaco está sendo investigado por homicídio por omissão de socorro. Ele confessou ter queimado a criança logo após ela ter morrido. Ficenc disse também que as investigações estão acontecendo por estupro, incesto e coerção.
O caso veio à tona no último dia 27, depois de a polícia ter prendido o suspeito e encontrado o porão onde ele mantinha a filha presa. A investigação começou quando uma das supostas filhas dos dois, de 19 anos, ficou seriamente doente e foi levada ao hospital. Os médicos resolveram, então, apelar para que a mãe da menina aparecesse para fornecer mais detalhes sobre seu histórico clínico.
Elisabeth teria sido aprisionada pelo pai no dia 28 de agosto de 1984, quando tinha, então, 18 anos. Em depoimento à polícia, ela disse que seu pai, Josef Fritzl, atraiu-a ao porão do local em que viviam. Antes de aprisioná-la, ele a teria sedado e a algemado.
A polícia disse que uma carta escrita por Elisabeth aparentemente apareceu um mês depois de seu desaparecimento. Ela pedia aos pais que não procurassem por ela.
Libertação
Em determinado momento, Fritzl teria libertado Elisabeth e dois dos filhos que viviam com ela no porão, dizendo à sua mulher que a filha desaparecida desde 1984 havia decidido voltar para casa.
Após ter recebido uma pista, a polícia encontrou Elisabeth e Josef perto do hospital onde a filha de 19 anos estava sendo tratada. No dia seguinte, a polícia disse que os investigadores encontraram o local onde Elisabeth ficou aprisionada.
Elisabeth concordou em fazer um relato à polícia após receber garantias de que não teria outros contatos com o pai, que teria abusado dela desde os 11 anos.
Três de seus filhos, com 5, 18 e 19 anos, ficaram trancados no porão desde que nasceram e nunca viram a luz do sol. Os dois mais novos eram meninos e a mais velha, menina. As outras três crianças --duas meninas e um menino-- foram criadas por Josef e sua mulher.

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