domingo, 10 de janeiro de 2010

Copa Africana tem início mesmo com ameaças. Anfitriã empata em 4 a 4

LUANDA, ANGOLA - Sob as manchas de sangue do atentado ao ônibus de Togo na sexta-feira - que causou três mortes -, a Copa Africana de Nações teve início domingo com o jogo de abertura entre a anfitriã Angola e Mali. Ao passo que as seleções entravam em campo, a quilômetros do local, a seleção de Togo se dirigia ao aeroporto de Cabinda para embarcar no vôo de volta para Lomé, capital de seu país. Em um jogo atípico, Angola e Mali empataram em 4 a 4.

A cerimônia de abertura contou com fogos de artifício suficientes para iluminar por completo o estádio com capacidade para 50 mil pessoas, lotado. O governo angolano investiu US$ 1 bilhão na construção de estádios, estradas e hotéis para a competição, que reúne as melhores seleções do continente. O presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, falou sobre o incidente com Togo.

– Condenamos este ato de terrorismo, mas a competição prosseguirá em Cabinda – declarou.

Os atletas togoleses ainda farão um apelo à Confederação Africana de Futebol (CAF) para voltar a Angola e entrar na competição daqui a três dias. Os terroristas do grupo separatista das Forças de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), no entanto, seguem dizendo que voltarão a promover atentados. A saída de Togo do torneio deixou o grupo B do torneio com apenas três seleções: Costa do Marfim, Gana e Burkina Faso. Todas elas entrarão em campo na região de Cabinda apesar das ameaças da FLEC, que criticou o presidente da CAF, Isaa Hayatou

– Os ataques vão continuar, porque o país está em guerra e porque Hayatou é teimoso - afirmou Rodrigues Mingas, líder do grupo separatista.

Por outro lado, Antonio Bento Bembe, ministro angolano para assuntos relacionados a Cabinda, afirmou que a segurança está garantida.

- Este é um grupo de pessoas (FLEC) que tem pouca ou nenhuma coordenação. Nós endurecemos as medidas de segurança para assegurar que isso não aconteça novamente - declarou à Reuters.

Jogadores da seleção de Togo pensaram em disputar a Copa, mas desistiram depois por pedido do governo do país.

- Nós queríamos jogar pela honra dos que morreram. O Governo não se opõe à nossa vontade, mas diz que a segurança não é garantida em Cabinda. Francamente, a segurança não foi reforçada. Desde que chegamos à Vila Olímpica (local onde a quatro seleções baseadas em Cabinda estão hospedadas), a segurança não melhorou - disse o atacante togolês Thomas Dossevi.

O goleiro Kodjovi Obilalé, ferido no atentado, foi operado no hospital Milparks, em Joanesburgo. A equipe médica disse que o estado de saúde de Obilalé, 25 anos, permanece grave, mas estável.

O motorista do ônibus morreu. O assessor de imprensa e o auxiliar-técnico de Togo também não resistiram aos ferimentos por bala.

Medos para a Copa na África

Há seis meses do maior evento de futebol do planeta, a Copa do Mundo de futebol, que acontece na África do Sul, o continente africano demonstra problemas de ordem social que podem influenciar em eventos desse porte.

Danny Jordaan, chefe da organização da Copa, no entanto, disse que o ataque não causará impacto no Mundial deste ano e ressaltou que a África do Sul nada tem a ver com os problemas de Angola.

– Não faz sentido a África do Sul ter sua reputação manchada pelo que aconteceu em Angola, que não é sequer um país fronteiriço ao nosso – disse.

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